O Papa Francisco visitou a primeira cidadela internacional dos Focolares, na localidade italiana de Loppiano, onde propôs uma “aliança de civilizações” para superar os desafios contemporâneos.
“Na mudança de época que estamos a viver, é preciso um compromisso não só para o encontro entre as pessoas, as culturas e os povos, por uma aliança de civilizações, mas também para vencer, todos juntos, o desafio epocal de construir uma cultura partilhada do encontro e uma civilização global da aliança”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas diante do Santuário de “Maria Theotokos”.
Na segunda etapa de uma viagem de cinco horas na Itália, iniciada junto de outra comunidade católica, em Nomadélfia, Francisco falou das “urgências dramáticas” da humanidade, que pedem dos cristãos o seu “máximo”.
O Papa desafiou o Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich, a avançar com “criatividade”, numa “renovada juventude”, após ter começado esta visita com um momento de oração.
Francisco foi cumprimentado pela presidente do movimento católico, Maria Voce, e ouviu perguntas de três representantes da comunidade de Loppiano.
Nas suas respostas, o pontífice falou da cidadela dos Focolares como “ilustração da missão da Igreja hoje, como foi traçada pelo Concilio Ecuménico Vaticano II”.
O Papa apresentou aos presentes duas “palavras-chave” nas comunidades cristãs, recorrendo ao grego bíblico: “parrésia” (coragem) e “hypomoné” (suportar).
A intervenção convidou a uma relação “aberta, sincera, franca” entre os católicos, sem hipocrisia nem “bisbilhotices”, advertindo que aqueles que “semeiam a cizânia” acabam por “destruir a Igreja” e “destruir a própria vida”.
Francisco disse ainda que é preciso viver com “constância e firmeza” a escolha da vida cristã, numa “esperança que nunca desilude”.
As recomendações passaram ainda pela necessidade do “bom humor”, que o Papa disse ser “a atitude humana que mais se aproxima da Graça de Deus”.
A experiência de Loppiano, localidade nos arredores de Florença que acolhe famílias, jovens, sacerdotes e religiosos de 65 países dos cinco continentes, foi apresentada pelo pontífice como “um esboço de cidade nova”.
“Uma cidade que tem no seu coração a Eucaristia, fonte de unidade e de vida sempre nova” e que se apresenta “inclusiva e aberta”, com actividades ligadas à agricultura, à indústria, à educação, às artes e à comunicação.
O Papa convidou os membros da comunidade a ser “artesãos do discernimento comunitário”, procurando ouvir Deus e o seu povo, “ao serviço da Igreja e da sociedade”.
A intervenção aludiu ainda aos projectos educativos promovidos em Loppiano, sustentando que a Educação é mais do “encher a cabeça”.
Educar a pensar bem, não só a aprender conceitos. Educar a sentir bem, educar para fazer bem”, apelou, defendendo um “pacto formativo”.
Francisco destacou o valor da “proximidade”, considerando que “não se pode ser cristão sem ser próximo”.
“Em Loppiano não existem periferias”, ressaltou, pedindo um novo impulso às escolas de formação, abrindo-as a horizontes mais vastos.
No final do encontro, após a bênção conclusiva e uma troca de presentes, Francisco cumprimentou alguns representantes do movimento e de outras religiões, antes de regressar ao Vaticano, em helicóptero.