O padre e poeta Tolentino de Mendonça foram este sábado ordenado Arcebispo.
A partir de Setembro será responsável pelo Arquivo Secreto do Vaticano.
José Tolentino de Mendonça é o novo arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, passando a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo, a convite do Papa Francisco.
O padre poeta será este sábado ordenado arcebispo numa cerimónia presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Cedo se manifestou próximo do meio cultural português. A Assírio e Alvim colocou-o entre os construtores da poesia atravessada pela alma humana, pelo sentido bíblico da existência, pelo discurso diferente.
José Tolentino Calaça de Mendonça trazia da Madeira, onde nasceu há 53 anos, o nome da ilha, para vir estudar teologia no Seminário dos Olivais, em Lisboa.
Ordenado padre em 1990, depressa vai a Roma e de lá traz o mestrado em ciências bíblicas. Capelão da Católica, faz doutoramento em teologia bíblica e lecciona hebraico, cristianismo e cultura. Dirigiu a Didascália, revista da Faculdade de Teologia da UCP
onde viria a ser director. No campo pastoral dinamizou, por vários anos, a histórica Capela do Rato, onde, recentemente, foi homenageado, numa sessão em que foram ditos textos e poemas da sua autoria.
Em 2011, penetra, de novo, no Vaticano como consultor pontifício para a cultura. No ano seguinte é nomeado vice-reitor da UCP, por dois mandatos.
Iniciou a área editorial, há quase três décadas, com "os dias contados".
Dispõe já de 34 obras editadas, sendo a última "Elogio da sede", compilação dos textos lidos durante o retiro que fez ao papa Francisco e membros do staff da cúria romana
Na última Quaresma, em 26 de Junho foi elevado à dignidade de arcebispo, ao ser nomeado director dos Arquivos Secretos do Vaticano e da Biblioteca Apostólica.
É ordenado Arcebispo titular de Suava, esta tarde, nos Jerónimos, pelo cardeal-patriarca de Lisboa.
Em recente entrevista à agência Ecclesia Dom Tolentino Mendonça referia que "uma biblioteca é um lugar onde se guarda a memória e onde pulsa a ideia de futuro".
O novo arcebispo referia ainda à agência oficial da igreja católica portuguesa que o Arquivo e a Biblioteca do Vaticano são "uma garantia da vitalidade e do futuro da Igreja".
Mantendo-se sempre em discreta ortodoxia, sentindo até um "privilégio" poder colaborar com o papa Francisco, Tolentino de Mendonça é tido como "uma presença que tranquiliza", chegando, assim, as pessoas diferentes. Como intelectual católico desenvolveu sempre intensa actividade junto de ateus e agnósticos.