O Papa presidiu esta Terça-feira no Vaticano a uma celebração de oração pela abertura do Mês Missionário extraordinário, na qual desafiou os católicos a anunciar o Evangelho com “ousadia e criatividade”.
“Este Mês Missionário extraordinário quer ser uma sacudidela que nos provoca a ser activos no bem. Não notários da fé e guardiões da graça, mas missionários”, declarou, na homilia que pronunciou na Basílica de São Pedro.
A recitação das Vésperas aconteceu, simbolicamente, na memória litúrgica de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das Missões.
Francisco sustentou que ser missionário é, antes de tudo, ser “testemunha”, mostrando com a própria vida que “se conhece Jesus”.
“Testemunha é a palavra-chave; uma palavra que tem a mesma raiz e significado de mártir. E os mártires são as primeiras testemunhas da fé: não por palavras, mas com a vida. Sabem que a fé não é propaganda nem proselitismo, mas um respeitoso dom de vida”, precisou.
O Papa elogiou todos os que sabem viver com o “amor de Jesus”, para todos, “incluindo os inimigos”.
Quem está com Jesus sabe que tem aquilo que se dá, possui aquilo que se doa; e o segredo para possuir a vida é doá-la. Viver de omissões é renegar a nossa vocação: a omissão é o contrário da missão”.
Francisco lamentou que muitos crentes se fechem numa “triste vitimização”, pensando que “está tudo mal”, no mundo e na Igreja, e vivendo uma “fé de sacristia”, em vez de passar da “omissão à Missão”.
“Pecamos contra a missão, quando caímos escravos dos medos que imobilizam, e nos deixamos paralisar pelo ‘sempre se fez assim’. E pecamos contra a missão, quando vivemos a vida como um peso e não como um dom”, advertiu.
A intervenção reafirmou uma das ideias centrais do actual pontificado, o de uma “Igreja que vive em saída”, que coloca a missão por diante da “relevância social ou institucional”.
No início do “Outubro missionário”, Francisco evocou três figuras inspiradoras: Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), “que fez da oração o combustível da acção missionária no mundo”; São Francisco Xavier (1506-1552), “talvez o maior missionário da história depois de São Paulo”; e a venerável Paulina Jaricot (1799-1862), “uma operária que apoiou as missões com o seu trabalho diário”, na França, dando início às Obras Missionárias Pontifícias.
Ninguém está excluído da missão da Igreja. Sim, neste mês, o Senhor chama-te também a ti. Chama a ti, pai e mãe de família; a ti, jovem que sonhas com grandes coisas; a ti, que trabalhas numa fábrica, numa loja, num banco, num restaurante; a ti, que estás sem trabalho; a ti, que estás numa cama de hospital”.
O Papa encerrou a sua intervenção com um apelo à missão “ad gentes”, noutros países, “onde há mais falta de esperança e dignidade, onde tantas pessoas vivem ainda sem a alegria do Evangelho”.
“Vai! O Senhor não te deixará sozinho; dando testemunho, descobrirás que o Espírito Santo chegou antes de ti para te preparar o caminho. Coragem, irmãos e irmãs! Coragem, Mãe Igreja: reencontra a tua fecundidade na alegria da missão”, concluiu.
Francisco entregou, simbolicamente, uma cruz missionária a vários dos participantes na cerimónia.
A celebração foi antecedida por uma série de testemunhos e apresentações sobre a actividade missionária católica nos cinco continentes, muitas vezes em contextos de guerra ou pobreza.
A Igreja Católica vive desde hoje um Mês Missionário Extraordinário, por decisão do Papa, com o tema ‘Baptizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo’, no centenário da promulgação da Carta Apostólica ‘Maximum illud’, do Papa Bento XV.
OC