O Papa Francisco deu início nesta Segunda-feira dos trabalhos do Sínodo especial para a Amazónia, no Vaticano, com um momento de oração na Basílica de São Pedro, acompanhado por dezenas de representantes indígenas e missionários católicos.
A cerimónia contou com a presença simbólica de uma canoa, que transportava uma imagem de Nossa Senhora da Amazónia, acompanhada por cartazes com imagens dos mártires da Amazónia.
Os participantes na assembleia – bispos, religiosos, especialistas em temas sociais e ecológicos e outros convidados -, percorreram em procissão a nave central da basílica e parte da Praça de São Pedro, antes de chegar à sala do Sínodo, no auditório Paulo VI, ao som de cânticos em espanhol e português sobre a vida na região pan-amazónica.
O documento de trabalho para o Sínodo especial dos Bispos de 2019 admite a ordenação sacerdotal de homens casados, “preferencialmente indígenas”, tendo em mente a celebração dominical da Eucaristia nas regiões mais remotas da Amazónia.
O texto que vai orientar os trabalhos, que decorrem até 27 de Outubro, aborda o tema dos “novos ministérios” para responder às necessidades dos povos amazónicos.
“Afirmando que o celibato é um dom para a Igreja, solicita-se que, para as áreas mais remotas da região seja estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal para anciãos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceites pela sua comunidade, mesmo que já tenham família constituída e estável, a fim de garantir os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã”, pode ler-se.
Outro ponto passa por “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido às mulheres”, tendo em consideração “o papel central que hoje desempenham na Igreja amazónica”.
A assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, convocada pelo Papa Francisco, congrega representantes católicos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname.
Após dois anos de consultas à população da região, o Vaticano denuncia a exploração levada a cabo por interesses económicos que ameaçam o “pulmão do planeta” e os direitos dos povos indígenas.
“A vida na Amazónia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazónica. De modo especial a violação dos direitos dos povos originários, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios”, assinala o documento de trabalho da assembleia especial.
O texto conta com o contributo das comunidades locais, que apontam o dedo a “interesses económicos e políticos dos sectores dominantes”, em particular “empresas extractivistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais”.
Entre as ameaças elencadas estão “os grandes interesses económicos, ávidos de petróleo, gás, madeira, ouro, monoculturas agro industriais”, bem como “mega projectos de infra estruturas, como as hidro eléctricas e estradas internacionais, e actividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extractivista” de minérios.