O Papa presidiu esta Quarta-feira a uma inédita audiência geral sem público, transmitida pela internet, devido à epidemia do Covid-19, recordando os doentes e quem os assiste, neste momento.
“Gostaria de dirigir-me a todos os doentes, com o vírus, que sofrem com a doença e a tantos que sofrem com momentos de incerteza, com a própria doença. Agradeço de coração ao pessoal dos hospitais, médicos, enfermeiras, voluntários, que estão ao lado das pessoas que sofrem, neste momento tão difícil”, disse, de improviso, no final do encontro.
Francisco quis agradecer a todos os cristãos e a todos os homens e mulheres de boa vontade, que rezam neste momento, “todos unidos, qualquer que seja a tradição religiosa a que pertencem”.
“Obrigado de coração por este esforço”, referiu.
A intervenção deixou um alerta, no entanto, para que esta epidemia “tão forte” não faça esquecer os “pobres sírios”, na fronteira entre a Grécia e a Turquia.
“É um povo que sofre, há anos: têm de fugir da guerra, da fome, da doença. Não esqueçamos estes irmãos e irmãs, tantas crianças, que ali sofrem”, apelou o pontífice.
Durante a sua reflexão, o Papa tinha deixado uma mensagem de esperança e apelado à responsabilidade, perante a crise provocada pela propagação do Covid-19.
“Encorajo-vos a enfrentar todas as situações, mesmo as mais difíceis, com coragem, responsabilidade e esperança”, pediu Francisco aos católicos da Itália, o país europeu mais afectado pela difusão do novo coronavírus.
A tradicional audiência pública semanal – que decorre na Praça de São Pedro ou no auditório Paulo VI – foi realizada esta semana na Biblioteca Apostólica do Vaticano, onde o Papa surgiu acompanhado por um grupo de colaboradores e tradutores.
No seu discurso em italiano, Francisco prosseguiu o ciclo de catequese sobre as bem-aventuranças – “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6).
“O que significa ter fome e sede de justiça? Certamente não estamos a falar daqueles que querem vingança, pelo contrário, na bem-aventurança anterior falamos da mansidão”, precisou.
O Papa sublinhou que as injustiças “ferem a humanidade” e o próprio Deus.
A sociedade humana precisa urgentemente de equidade, verdade e justiça social; lembremo-nos de que o mal sofrido pelas mulheres e homens do mundo atinge o coração de Deus Pai. Qual pai não sofreria com a dor dos seus filhos?”.
Já na sua reflexão em espanhol, o Papa insistiu que esta “sede de justiça”, referida por Jesus Cristo, “não é a sede de vingança, não é a dor dos pobres e oprimidos que Deus conhece bem e que não lhe é indiferente”.
Segundo Francisco, está em causa um anseio profundo do ser humano, o desejo de Deus.
“Peçamos ao Senhor Jesus que nunca nos deixe faltar a água viva do seu Evangelho, a única capaz de saciar a nossa sede de Deus, e também nos conceda o seu Espírito Santo, para poder cumprir a vontade do Pai, com um coração cheio do amor de Deus e disposto a servir os irmãos”, declarou.
A intervenção contou com uma saudação aos fiéis de língua portuguesa.
“Aprendamos a saciar a nossa sede de Deus com os sacramentos, a oração e as obras de misericórdia. Sobre vós e sobre vossas comunidades, desça a bênção do Senhor”, disse.
A Diocese de Roma promoveu uma jornada de oração e jejum, a que o Papa se associou com uma mensagem, em vídeo, na qual pede a intercessão da Virgem Maria perante a “emergência sanitária”.