Dom Óscar Braga foi a enterrar este Sábado em Benguela

Dom Óscar Braga foi a enterrar este Sábado em Benguela

Os restos mortais D. Óscar Lino Lopes Fernandes Braga, bispo emérito de Benguela já repousam no cemitério velho da Camunda, cidade de Benguela.

Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), sacerdotes, religiosos, féis, citadinos de Benguela e não só, bem como autoridades governamentais acompanharam nesta Sábado, 30 de Maio, Dom Óscar até a sua última morada.

Por conta da Covid – 19, as autoridades governamentais mobilizaram cerca de 300 efectivos dos distintos órgãos de defesa e segurança e autoridades sanitárias que garantiram todas as medidas de segurança durante as exéquias.

Na homilia da missa do corpo presente na Catedral de Benguela, Dom António Francisco Jaca, bispo de Benguela, destacou Dom Óscar como um homem de oração, homem de proximidade, homem de justiça que é misericórdia.

“E a exemplo do seu mestre Bom Pastor, D0m Óscar Braga fez – se servo de todos”, lembrou Dom Jaca.   

Em mensagem do Secretário de Estado do Vaticano em nome do Santo Padre, lida na celebração solene, na Sé Catedral, pelo secretário da Nunciatura Apostólica em Angola, Michelle Tutalo, o pontífice manifesta pesar pela morte de Dom Óscar Braga e deseja que todos os fiéis estejam unidos em oração, sobretudo para o bispo da Diocese de Benguela.

O papa Francisco augura que o bispo Dom António Jaka conduza pelos caminhos do Evangelho o povo de Deus que lhe foi confiado, mostrando-se particularmente solícito no sentido de procurar formar e amparar generosos operários para a messe do Senhor.

“O Papa Francisco confia a materna protecção da virgem Maria àqueles que participam física ou espiritualmente nas exéquias, animados pela esperança segura da ressurreição”, lê-se na referida mensagem de condolências, em que o Santo Padre ainda aproveita para conceder “confortadora bênção apostólica” aos fiéis católicos no País.

CEAST quer continuidade do legado de Dom Óscar

O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e arcebispo de Luanda, Dom Filomeno Vieira Dias, olha para a longa e frutífera existência de Dom Óscar como testemunho da alegria do Evangelho e pede que o seu legado continue a produzir frutos de maior conversão no meio do povo.

Intervindo no acto solene, Dom Filomeno Vieira Dias exaltou o exemplo de humildade e simplicidade do bispo Dom Óscar Braga, que na vida nunca procurou dignidade e distinções.

“Ao irmão Dom Óscar Braga não se celebra, mas comemora-se pelo encanto, pela frescura, pela ternura e pelo embalo da sua vida”, referiu, qualificando Dom Óscar Braga como irmão universal e ecuménico, que manteve sempre bem alto o farol da fé no caminho dos homens, de modo indistinto.

Para Dom Filomeno Vieira Dias, o bispo Óscar Braga esteve sempre presente e actuante nas mais importantes reflexões e acções da nossa Igreja, razão pela qual o sentimento é de gratidão a Deus pela presença do malogrado no caminho eclesial.

“Se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, a todos apontando a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos”, realçou, acentuando que, tanto a CEAST, quanto Angola inteira, reconhece, louva e agradece pelo itinerário percorrido por Dom Óscar.

Rui Falcão destaca “heroísmo” de Dom Óscar

Também o governador provincial de Benguela, Rui Falcão, interveio na ocasião e acentuou o engajamento do malogrado em causas humanísticas que testemunham a sua elevação, como um dos mais insignes sacerdotes que galgou de lés-a-lés as planícies, os vales, as montanhas, os rios e o mar de Ombaka.

“Inspirou com o seu grande coração de generosidade e de humildade a irmandade e a solidariedade, entre os cristãos e cidadãos em geral, em prol de uma Benguela melhor”, disse, considerando que Dom Óscar Braga, enquanto bispo em funções, assumiu-se como um homem íntegro, cumpridor das tarefas da messe do Senhor em terras de Ombaka.

Porém, frisou que o infausto acontecimento dá-se num contexto adverso, imposto pela pandemia da Covid-19, que no cumprimento escrupuloso das regras estabelecidas pela Situação de Calamidade Pública, remete a sociedade à limitação de manifestar-se emocionalmente, à dimensão de tão ilustre figura que amiúde e ao longo do tempo, formou homens e criou instituições.

Já o presidente da Unita, Adalberto da Costa, não tem dúvida de que Dom Óscar deixa uma grande obra, facto que ficou provado no momento da despedida, pelo carinho e o respeito.

O empenho na formação do homem ligado à Igreja e a extraordinária obra social são dois feitos apontados pelo líder do maior partido na oposição, para quem fica agora o desafio para os continuadores no âmbito da missão da Igreja.

“Também fui beneficiário de Dom Óscar desde 1975, que o conheci no início do seu episcopado em Benguela”, frisou, salientando que o bispo emérito de Benguela marcava pela sua humildade. “Dom Óscar jogava futebol com os seminaristas, com sua batina”.

Dom Óscar Braga dirigiu a Igreja Católica na Diocese de Benguela, de 1975 a 2008, tendo ordenado para o sacerdócio mais de 300 diáconos e consagrado ao episcopado três bispos, uma façanha considerada inédita.

 

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, apresentou, condolências à família do Bispo Emérito da Diocese de Benguela, Dom Óscar Braga.

Em nota, João Lourenço refere que foi com profunda consternação que recebeu "a triste notícia do falecimento do Bispo Emérito da Diocese de Benguela, cidade onde durante 45 anos exerceu a sua meritória acção religiosa".

João Lourenço considera-o "homem íntegro e patriota convicto", sustentando que dele guarda boas recordações dos anos em que trabalhou e conviveu em Benguela entre 1986 e 1989".

E o presidente da CEAST Dom Filomeno Viera Dias agradeceu as mensagens de condolências de várias entidades que expressaram a admiração que tinham pela pessoa de D0om Óscar.

A urna contendo os restos mortais de Dom Óscar Braga já repousam no cemitério velho da Camunda e nos próximos tempos, as ossadas do bispo serão transladadas e sepultadas definitivamente, na Catedral da Diocese, após processo de exumação, como manda a tradição da igreja.