Os participantes no 10.º encontro das Conferências Episcopais de países de língua oficial portuguesa, que decorreu em Díli de 6 a 10 de setembro, denunciam a crescente influência de conceções que se opõem à doutrina da Igreja Católica.
“Ficou a sensação de que há mesmo uma agenda das designadas ‘ideologias fraturantes’ que têm uma significativa incidência, designada e nomeadamente, em campanhas contra a natalidade e valores como a Vida, a Liberdade Religiosa e o respeito por elementares direitos humanos”, sublinha uma nota enviada à Agência ECCLESIA pelo padre José Maia, um dos participantes na reunião realizada na capital de Timor-Leste.
O presidente da Fundação Fé e Cooperação, organização responsável pela preparação e acompanhamento dos encontros dos episcopados lusófonos, sublinha que aquelas campanhas contam, “nuns casos, de forma omissa, e, noutros, mais explicitamente”, com a “conivência de alguns Estados”.
“A situação de confusão política na Guiné-Bissau, as eleições em Angola e o momento político de acalmia e boa colaboração entre o Estado e a Igreja em Timor-Leste, após os recentes atos eleitorais” foram alguns dos assuntos tratados no encontro, que “dedicou grande parte” do tempo a reuniões com responsáveis políticos.
O texto assinado pelo padre José Maia salienta que as Igrejas lusófonas “sempre souberam manter vivo um excelente e contagiante espírito de diálogo e cooperação”, mesmo depois “de todas as vicissitudes do processo de descolonização pelo qual passaram alguns dos seus países”.
Os prelados consideram no entanto “que se poderia ter ido um pouco mais longe nalgumas iniciativas de entreajuda, sobretudo ao nível da permuta de partilha de experiências e intercâmbio de sacerdotes e leigos", especialmente "no campo da formação nos seminários e no domínio do apoio a uma melhor comunicação social ao serviço da evangelização, sobretudo, através da expansão das rádios”.
“Não devemos amedrontar-nos com as seitas nem desistir da nossa ação evangelizadora centrada no primeiro anúncio da Boa Nova”, realçam os bispos, que participaram em celebrações litúrgicas em várias comunidades.
A missa na Sé de Díli, presidida pelo bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, e concelebrada pelos prelados e dezenas de sacerdotes foi “especialmente festiva”, tendo contado com a participação do presidente da República, primeiro-ministro e membros do Governo timorense.
O porta-voz do episcopado, padre Manuel Morujão, também integrou a delegação portuguesa, a que se juntaram representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, registando-se a ausência de Macau por “razões justificadas”.
Os encontros de bispos lusófonos são organizados rotativamente para permitirem “uma experiência de comunhão entre as várias Igrejas”, ao mesmo tempo que pretendem ser espaços de partilha de “preocupações pastorais” e de procura de “formas de cooperação eclesial”, explica o texto.