Responsáveis europeus e portugueses deixam alertas para consequências da crise económica

Responsáveis europeus e portugueses deixam alertas para consequências da crise económica

Os membros do Comité Europeu do Ensino Católico, que congrega 27 países, reuniram-se em Portugal e deixaram alertas sobre as consequências da crise económica sobre o mundo escolar e a liberdade de educação.

O presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) disse à ECCLESIA que a liberdade de ensino “não pode estar apenas no papel”.

O padre Querubim Silva, presente na assembleia que decorreu de quinta-feira a domingo, no Turcifal (Patriarcado de Lisboa), considera que, na prática, “os condicionamentos” são de tal ordem que “a escolha é impossível”.

“A asfixia das prestações sociais está a levar as pessoas a reduzirem ao mínimo as suas despesas”, acrescentou.

D. António Francisco dos Santos, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, afirmou que a assembleia decorreu num “momento difícil e crucial para a Europa” e “num contexto delicado para Portugal” onde “a crise financeira, com sucessivas medidas de austeridade”, leva a refletir sobre a forma como quer “construir uma Europa para o futuro”.

Durante a reunião, com representantes de 23 países, foram partilhadas preocupações sobre a identidade e missão da escola católica numa Europa descristianizada e secularizada.

Neste quadro, mereceu especial atenção a formação espiritual dos professores e diretores das escolas católicas, pois só com “esta forte vivência interior será possível as escolas realizarem a sua missão evangelizadora (e educadora) na sociedade atual”, refere hoje o site do Secretariado Nacional da Educação Cristã.

Com a intenção de promover a liberdade de ensino/escolha, prevê-se a “criação de um «observatório político» que acompanhe iniciativas europeias levadas a cabo por organizações políticas”.

Neste contexto problemático e difícil, o Estado “tem aproveitado para tentar convencer a opinião publica em geral de que as escolas privadas são um encargo financeiro pesado para o orçamento do estado” procurando um debate “ideológico que tenta desvalorizar a escola particular em comparação com a escola pública do Estado”, referiu D. António Francisco Santos, bispo de Aveiro.

Desta forma, sustentou o prelado, “o Estado desvia o verdadeiro debate sobre a liberdade dos pais e dos alunos” e retira-lhes a possibilidade de escolherem um “projeto educacional, de acordo com os valores que eles querem para o seu futuro”.

A assembleia aprovou a escolha do novo secretário-geral do Comité Europeu do Ensino Católico, Guy Selderslagh, que sucederá a Etienne Verhack em 2013.

AE