«A ideologia do gender» representa «um novo colonialismo do Ocidente sobre o resto do mundo». É este o dado alarmante mais significativo presente no quarto relatório do Observatório internacional cardeal Van Thuân sobre a doutrina social da Igreja, apresentado sábado 26 de Janeiro, na capital da região do Friuli pelo seu presidente, arcebispo-bispo de Trieste Giampaolo Crepaldi. De facto, durante um só ano, 2011 – arco temporal ao qual se refere o estudo – «sobressaiu em toda a sua força subversiva o fenómeno da “colonização da natureza humana”», ou seja, o conjunto de enormes pressões internacionais a fim de que os Governos mudem a sua tradicional legislação sobre a procriação, a família e a vida. Sob cheque-mate estão sobretudo os países da América Latina. Em particular, é citado o caso emblemático da Argentina, onde como evidenciou D. Crepaldi, em apenas doze meses «aquele grande país de tradição cristã criou uma lei sobre a procriação artificial que desnaturalizou a procriação, uma lei sobre o reconhecimento da “identidade de género” que desnaturalizou a família e uma modificação do Código civil para permitir o “aluguer do útero” que desnaturalizou a genitorialidade». E ressaltado que a ideologia do género, «se difundiu sem encontrar uma oposição verdadeira, nos países avançados e já é ensinada também nos livros das escolas públicas sem que isto faça surgir grandes contestações». O dado novo é que «agora é exportada com sistematicidade para os países emergentes e pobres». Trata-se de «uma ideologia súbtil e penetrante, que se apela aos “direitos individuais”, dos quais o Ocidente fez o próprio dogma, e a uma presumível igualdade entre indivíduos assexuados, isto é abstractos, para orientar uma desconstrução do inteiro sistema social».