O Papa Francisco apelou aos membros de todas as religiões e a todos aqueles que não pertencem a nenhuma Igreja para se unirem na defesa da justiça, da paz e do ambiente, e para não permitirem que o valor de uma pessoa seja reduzido “ao que essa pessoa produz e consome”.
Francisco, eleito na semana passada como o primeiro Papa não europeu dos últimos 1300 anos, encontrou-se esta quarta-feira com líderes de igrejas cristãs não-católicas – ortodoxos, anglicanos, luteranos e metodistas – mas também com judeus, muçulmanos, budistas e hindus.
“A Igreja Católica está consciente da importância de aprofundar o respeito pela amizade entre homens e mulheres de diferentes tradições religiosas”, disse o Papa argentino durante uma audiência no Vaticano.
Falando em italiano na Sala Clementina, Francisco afirmou que os membros de todas as religiões e mesmo os não-crentes têm de reconhecer a sua responsabilidade conjunta “para com o nosso mundo, para com toda a criação, que temos que amar e proteger”. “Temos que fazer muito para o bem dos mais pobres, os fracos, os que estão a sofrer, temos que favorecer a justiça, promover a reconciliação e construir a paz.”
O Papa pediu a todos os que estavam presentes na audiência para lutarem contra “uma visão unidimensional da pessoa humana, segundo a qual um homem é reduzido àquilo que produz e àquilo que consome”, e que considera ser “uma das armadilhas mais perigosas do nosso tempo”.
Embora a história tenha mostrado que qualquer tentativa para eliminar Deus tenha produzido “muita violência”, Francisco estendeu a mão a todos aqueles que, não pertencendo a nenhuma religião, procuram “a verdade, a bondade e a beleza”. “Eles são os nossos preciosos aliados no compromisso para defender a dignidade humana, construir uma coexistência mais pacífica entre as pessoas e para cuidar da natureza com carinho”, explicou.
“Entusiasmo, optimismo e esperança”, resumiu o rabi David Rosen para descrever o que sentiu ao ouvir as palavras do novo Papa. Um sentimento que, segundo o jornalista da Reuters presente na audiência, foi unânime entre os presentes.
Antes da audiência, o Papa teve um encontro privado com o Patriarca Ecuménico Bartolomeu de Istambul, que na terça-feira assistiu à missa inaugural de Francisco. Foi a primeira vez que o líder espiritual dos Cristãos Ortodoxos marcou presença numa celebração como aquela de um Papa em Roma desde o Grande Cisma entre a cristandade ocidental e oriental em 1054.