Shlemon Warduni está em Lisboa para falar da situação dos cristãos no Médio Oriente. Segunda-feira dá uma conferência.
A maioria das pessoas no Ocidente não pode fazer mais do que rezar pela situação dos cristãos no Iraque e no resto do Médio Oriente. As palavras são do bispo-auxiliar de Bagdade, Shlemon Warduni, que em entrevista à Renascença recorda o exemplo do Papa Francisco que, na sua opinião, conseguiu evitar uma intervenção internacional na Síria.
“Podem rezar. Certamente Deus escutará a voz dos justos. Em segundo lugar, pressionar os líderes para não fazerem guerra. Como por exemplo o Papa Francisco, que disse que todos devemos rezar e jejuar para evitar a guerra na Síria, e a maioria das pessoas concordam que foi um milagre.”
O bispo da Igreja Caldeia, uma Igreja católica de rito oriental, que tem a sua sede precisamente no Iraque, encontra-se em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, para falar dos cristãos no Médio Oriente. Questionado sobre o recrudescimento da violência no Iraque, ao longo dos últimos meses, o bispo Warduni prefere não apontar o dedo às diferentes confissões, salientando a necessidade de trabalhar pela reconciliação nacional.
“Em primeiro lugar temos pena, porque é uma situação terrível para todos os iraquianos”, explica.
A maioria dos recentes atentados têm ocorrido num contexto de violência entre sunitas e xiitas, mas as bombas, salienta o bispo, não escolhem vítimas: “A guerra, ou a bomba, ou o atentado suicida, não sabe quem é cristão ou quem é muçulmano, quem é criança ou quem é adulto. Quando explode, muitos morrem. Mas às vezes sentimos pressão por sermos cristãos. Dizem-nos que se não nos convertermos ao Islão matam-nos, ou teremos de abandonar a nossa casa, ou que devemos dar as nossas filhas para casar com os seus chefes”, diz ainda o bispo, salientando que para os cristãos em particular a situação está até melhor agora do que estava há dois ou três anos, quando no auge da violência uma Igreja foi tomada de assalto e dezenas de fiéis massacrados.