Cristãos obrigam muçulmanos a fugir de Bangui

Cristãos obrigam muçulmanos a fugir de Bangui

Milhares de muçulmanos abandonaram a capital da República Centro-Africana sob a protecção de forças internacionais. Alguns que não conseguiram escapar a tempo foram mortos.

Milhares de muçulmanos abandonaram a capital da República Centro-Africana ao longo do fim-de-semana.

O êxodo islâmico deu-se sob a ameaça de milícias cristãs que saíram às ruas para aplaudir as comitivas de camiões das forças multinacionais, apinhados de refugiados, que evacuaram os bairros muçulmanos da cidade de Bangui. Os refugiados foram levados para o Chad.

Alguns muçulmanos que não conseguiram escapar a tempo foram mortos. Pelo menos um homem que caiu de um camião foi despedaçado pela multidão, segundo testemunhas ouvidos pela “Associated Press”. Ao todo há registo de 18 mortos devido à violência durante o fim-de-semana, incluindo milicianos cristãos mortos pelas forças internacionais.

A República Centro-Africana entrou numa espiral de violência em Março do ano passado, quando forças rebeldes invadiram a capital, destituindo o Presidente. Os rebeldes vinham da zona oriental do país, de maioria islâmica, e enquanto dominaram a cidade ameaçaram e perseguiram os cristãos, levando à formação de milícias cristãs que, inicialmente, agiam em defesa das suas comunidades.
Mas com a queda do novo regime e a tomada de posse de um novo presidente, cristão, as milícias começaram a retirar da capital. A situação tem sido aproveitada por militantes cristãos para exercerem vinganças contra a população muçulmana.

As autoridades eclesiais já tinham alertado várias vezes para o perigo de violência inter-religiosa, com os bispos católicos a dizer repetidamente que as milícias não estavam autorizadas a agir em nome da Igreja nem do Cristianismo. O arcebispo de Bangui fez vários apelos à paz, em conjunto com o líder islâmico da cidade, mas estes não foram capazes de impedir a violência em larga escala.

Esta segunda-feira um político cristão foi perseguido e assassinado depois de ter dado um discurso em que apelou ao desarmamento das milícias cristãs.

Fonte:RR