O rabino Abraham Skorka e o dignitário muçulmano Omar Addoub, que trabalharam vários anos com o Papa Francisco a favor do diálogo inter-religioso na Argentina, vão acompanhá-lo agora na sua viagem à Terra Santa.
Numa entrevista publicada pelo Patriarcado Latino de Jerusalém, os dois responsáveis perspectivaram a visita apostólica, que vai decorrer entre 24 e 26 de Maio e incluir passagens por Amã, Belém, Telavive e Jerusalém.
Para Abraham Skorka, actual reitor do Seminário Rabínico latino-americano de Buenos Aires, a deslocação do Papa à Terra Santa vai ser um “verdadeiro desafio”, já que “israelitas, palestinos, judeus, cristãos e muçulmanos esperam muito” do seu pontificado.
O rabino faz votos de que “com prudência e inteligência – uma vez que os habitantes desta região são muito apaixonados – Francisco possa deixar uma mensagem de paz e inspirar uma dimensão de paz para todos”.
“É evidente que isto não vai ser fácil. O Papa não poderá resolver todos os problemas, isso é impossível. Mas espero que possa deixar um sinal de paz aos povos”, reforça.
O muçulmano Omar Abboud, actual director do Instituto para o diálogo Inter-religioso de Buenos Aires, é também “um amigo de longa data de Francisco”, com quem colaborou “infatigavelmente” na aproximação das comunidades dos mais diferentes credos, presentes na capital argentina.
Segundo o antigo Secretário-geral do Centro islâmico da Argentina”, a ida do Papa à Terra Santa tem na sua génese muito do trabalho que Jorge Mário Bergoglio fez, enquanto cardeal, “no sentido de criar espaços para que uma cultura de encontro possa ver o dia”.
Apesar de ressalvar que Buenos Aires está significativamente distante, em termos geográficos e sociais, “das tensões do Médio Oriente”, o responsável muçulmano recorda como o Papa argentino sempre demonstrou estar ciente do carácter “preventivo” do diálogo.
Foi esse perfil, recorda Omar Abboud, que fez Francisco reunir judeus, protestantes e gregos ortodoxos na Catedral de Buenos Aires para rezarem pela paz, em Novembro de 2012, durante mais um episódio de tensão e violência entre israelitas e palestinos na Faixa de Gaza.
A viagem do Papa à Terra Santa vai ficar marcada pela assinatura de uma declaração conjunta com o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, no âmbito dos 50 anos do encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, em Jerusalém.