Israel e Palestina unidos em oração, num encontro promovido pelo Papa nos jardins do Vaticano. Francisco pede "coragem" para haver paz no Médio Oriente.
O Papa Francisco lançou este domingo um novo apelo ao diálogo para alcançar a paz entre os povos da Terra Santa. O repto foi deixado no encontro de oração com o Presidente israelita, Shimon Peres, e com o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que começou pelas 18h00, nos Jardins do Vaticano.
Os dois líderes "devem responder" ao desejo dos seus povos para colocar um ponto final no conflito de várias décadas no Médio Oriente, afirmou o Papa, que apelou a um "diálogo a todo o custo" para a resolução do diferendo naquela parte do mundo.
“Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória inspira em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a teia cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos.”
Para ter paz é preciso mais coragem do que para fazer a guerra, declarou Francisco, na presença de Shimon Peres e Mahmoud Abbas, a quem desejou que possam um dia viver "como irmãos e não como inimigos".
“Para fazer a paz é preciso coragem, muito mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao conflito, sim ao diálogo e não à violência, sim às negociações e não às hostilidades, sim ao respeito dos pactos e não às provocações, sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande esforço de ânimo”, defende o Papa.
Israel e Palestina desejam paz
No seu discurso no final das orações, o Presidente israelita garantiu que nunca deixará de tentar alcançar a paz.
“Shalom. É com esta oração no nosso coração e este apelo à acção que aqui estamos juntos: paz entre as nações, paz entre os que têm fé, paz entre os povos, paz para os nossos filhos. Caros amigos, era novo e agora sou velho, experimentei a guerra e provei a paz. Nunca esquecerei as queridas famílias, pais e filhos, que pagaram o custo da guerra. Na minha vida, nunca deixarei de agir pela paz”, afirmou Shimon Peres.
O Presidente da Autoridade Palestiniana defendeu, por sua vez, um Estado soberano e independente e expressou o desejo de uma “paz justa”.
“Suplico-vos ó Deus, em nome do meu povo, o povo da Palestina – muçulmanos, cristãos e samaritanos – que deseja ardentemente uma paz justa, uma vida digna e a liberdade. Suplico-vos Senhor, concedei um futuro próspero e promissor ao nosso povo, com liberdade num Estado soberano e independente; concedei à nossa região e ao seu povo segurança, salvação e estabilidade”, sublinhou Mahmoud Abbas.
Abraços, orações e uma árvore da paz
O presidente de Israel foi o primeiro a chegar à Casa de Santa Marta, onde vive o Papa, pelas 17h00. Shimon Peres foi recebido por Francisco e os dois tiveram uma pequena conversa.
Cerca de meia hora depois, chegou o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que era esperado pelo Papa Francisco.
Após a recepção, os dois presidentes encontraram-se, abraçaram-se e trocaram algumas palavras de forma afável, um acontecimento histórico entre os líderes de dois povos que estão em conflito há décadas.
Foi o primeiro encontro público entre Shimon Peres e Mahmoud Abbas em mais de um ano e depois das conversações de paz mediadas pelos Estados Unidos terem falhado.
O Papa Francisco, os presidentes palestiniano e israelita e o Patriarca Ortodoxo Bartolomeu de Constantinopla, que também se associou a esta iniciativa pela paz no mundo, entraram depois numa carrinha, que os transportou até ao local da cerimónia.
O encontro de oração começou pelas 18h00, nos jardins do Vaticano, com os presidentes israelita e palestiniano sentados ao lado do Sumo Pontífice.
A cerimónia começou com ao som do Adagio do compositor Samuel Barber, interpretado por um quarteto de cordas, que antecedeu os três momentos de oração pela paz por membros da comunidade cristã, muçulmana e judaica, que terminaram precisamente às 19h00.
Seguiram-se as intervenções do Papa Francisco e dos presidentes israelita e palestiniano, que duraram cerca de meia hora. Depois plantaram uma oliveira, simbolo da paz, nos jardins do Vaticano.