Dezenas de pessoas participaram, nesta quinta-feira à tarde (manhã na Europa), no Palácio presidencial de Seul, a um encontro do Papa com as autoridades coreanas, depois do encontro de cortesia tido com a presidente Park Geun-hye.
Falando em inglês, o Santo Padre começou por recordar que esta sua visita à Coreia tem lugar por ocasião da VI Jornada Asiática da Juventude, com jovens católicos de todo o Continente e inclui também a proclamação como Beatos de alguns coreanos martirizados pela fé cristã.
Estes dois acontecimentos que celebramos completam-se um ao outro. A cultura coreana possui uma boa compreensão da dignidade e sabedoria próprias dos antigos e honra o seu papel na sociedade. Nós, católicos, honramos os nossos antigos que sofreram o martírio pela fé, porque se prontificaram a dar a vida pela verdade em que acreditaram e de acordo com a qual procuraram viver. Ensinam-nos a viver plenamente para Deus e para o bem do próximo.
“Um povo grande e sábio não se limita a amar as suas tradições ancestrais, mas valoriza também os seus jovens, procurando transmitir-lhes a herança do passado que aplica aos desafios do presente.” – sublinhou também o Papa Francisco. É importante reflectirmos sobre a necessidade de transmitir aos nossos jovens o dom da paz.
Exprimo o meu apreço pelos esforços feitos a favor da reconciliação e da estabilidade na Península Coreana e encorajo tais esforços, que são o único caminho seguro para uma paz duradoura. A busca da paz por parte da Coreia é uma causa que nos está particularmente a peito, pois concorre para a estabilidade de toda a região e do mundo inteiro, cansado da guerra.
“A busca da paz – recordou o Papa - constitui um desafio também para cada um de nós e, particularmente, para quantos de entre vós têm a tarefa de procurar o bem comum da família humana através do paciente trabalho da diplomacia. Trata-se do desafio perene de derrubar os muros da desconfiança e do ódio, promovendo uma cultura de reconciliação e solidariedade. Enquanto arte do possível, a diplomacia baseia-se numa convicção firme e perseverante de que a paz pode ser melhor alcançada pelo diálogo e a escuta atenta e discreta, do que com recriminações recíprocas, críticas inúteis e demonstrações de força.
Quase a concluir, o Papa recordou ainda que “num mundo cada vez mais globalizado, a compreensão do bem comum, do progresso e do desenvolvimento deve ser, em última análise, não só de carácter económico mas também humano”. É “importante que a voz de cada membro da sociedade seja ouvida, promovendo-se um espírito de comunicação aberta, de diálogo e cooperação”.
É igualmente importante que se dedique especial atenção aos pobres, àqueles que são vulneráveis e a quantos não têm voz, não somente indo ao encontro das suas necessidades imediatas mas também promovendo-os no seu crescimento humano e espiritual. Nutro a esperança de que a democracia coreana se há-de fortalecer cada vez mais e que esta nação demonstrará primar também na «globalização da solidariedade» que é hoje particularmente necessária.”
(Texto integral do discurso do Papa na secção “Mensagens e Documentos”)
Por sua vez, na saudação que a presidente Park Guen-hye dirigira antes, em coreano, ao Santo Padre, esta ilustrou as etapas da visita ao país, ilustrando os lugares correspondentes. No final, referiu-se expressamente à guerra entre o Norte e o Sul do país, sublinhando que este conflito constitui uma ferida no interior da nação, dilacerando as próprias famílias.
Precisamente sobre a paz – provavelmente pensando não só na Coreia, mas também em geral no Médio Oriente – é, em jeito de oração, o segundo tweet de hoje do Papa, distribuído a meio do dia. Reza assim: “Maria, Rainha da Paz, ajudai-nos a desenraizar o ódio e a viver em harmonia.”
Após este encontro com as Autoridades, o Santo Padre partiu de automóvel para a sede da Conferência Episcopal, onde teve um encontro com os 35 bispos coreanos. No discurso que lhe dirigiu, em italiano, o Papa Francisco sublinhou especialmente uma das tarefas específicas dos Bispos – a de “guardar o rebanho do Senhor”. Guardiães da memória, mas também da esperança – foram os dois aspectos evidenciados pelo Papa, que recordou “o desafio” de “uma Igreja missionária constantemente em saída para o mundo e em particular para as periferias da sociedade contemporânea”, preservando ao mesmo tempo “a sabedoria e a experiência dos idosos e as aspirações dos jovens”.