O secretário de Estado do Vaticano apelou esta segunda-feira a uma intervenção dos líderes muçulmanos para travar o avanço dos jihadistas Estado Islâmico, pedindo que a comunidade internacional recuse uma “solução militar unilateral”.
Durante o consistório dedicado ao Médio Oriente, convocado pelo Papa, o cardeal Pietro Parolin defendeu a importância de os líderes muçulmanos se distanciarem “do chamado Califado, contribuindo para o amadurecimento no Islão da distinção entre religião e Estado”.
O responsável pela diplomacia da Santa Sé quis ainda encorajar os cristãos e as outras minorias a “não abandonarem o Iraque e a Síria”.
A reunião reuniu 86 cardeais e patriarcas orientais, com a presença do Papa Francisco.
“A comunidade internacional deve ir à raiz do problema, reconhecer os erros do passado e tentar favorecer um futuro de paz e desenvolvimento, colocando no centro sempre o bem da pessoa e o bem comum”, disse o secretário de Estado do Vaticano.
Segundo a sala de imprensa da Santa Sé, houve cerca de 30 intervenções, incluindo as de responsáveis católicos no Iraque, Síria, Egito e Líbano.
Em cima da mesa estiveram temas como a exigência da paz e da reconciliação no Médio Oriente, a defesa da liberdade religiosa, o apoio às comunidades locais, a importância da educação para criar novas gerações capazes de dialogar entre si e o papel da comunidade internacional.
Tal como o Papa Francisco, estes responsáveis afirmaram que um Médio Oriente sem cristãos seria uma “grave perda para todos”, pedindo que se cultivem as várias manifestações de solidariedade possíveis por parte das Igrejas de outros países, incluindo as peregrinações.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, referiu em conferência de imprensa que os participantes manifestaram ao Papa a sua “gratidão” por este sinal de apoio e proximidade.
"Insistiu-se muito, com veemência, sobre a importância de os cristãos permanecerem no Médio Oriente: eles têm um papel essencial para a Igreja presente no mundo inteiro, a fim de que não perca a sua dimensão oriental, e pelo papel que essas comunidades sempre tiveram como mediadoras de paz”.
Os participantes condenaram “todas as formas de fundamentalismo e, naturalmente, de extremismo e de terrorismo”, acrescentou.