Nunca no passado um Sínodo tinha chamado tanto a atenção como o da Família, realizado nos dias passados no Vaticano. O debate foi intenso e muito participado. O nosso colega do Programa Italiano da RV Alessandro Gisotti entrevistou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, sobre os trabalhos do Sínodo e, em particular, sobre o modo como foi vivido pelo Papa Francisco este Sínodo:
“O Papa, neste Sínodo, seguiu uma linha muito precisa, que tinha previsto, e que foi a de se pronunciar com a homilia de abertura, na Missa de abertura, e na primeira Congregação, e depois escutar. Quis escutar por todo o tempo, sem interferir pessoalmente, justamente para deixar o espaço da liberdade de expressão que ele muito, muito encorajou com o seu breve e forte pronunciamento na primeira Congregação Geral, convidando realmente todos a falar com total clareza, com total liberdade, sem ter a mínima preocupação daquilo que ele mesmo poderia pensar ou sentir. Quis garantir uma plena liberdade e isto foi muito, muito apreciado e refletiu-se efetivamente sobre a dinâmica do Sínodo. Depois, ficou em silêncio até ao discurso final de sábado à noite, em que puxou um pouco a linha da experiência espiritual do Sínodo como evento eclesial e espiritual. Fê-lo com uma autoridade extraordinária.”
“Acredito que efetivamente sem este discurso final do Papa de sábado à noite, e a homilia após na Beatificação de Paulo VI, mas sobretudo no discurso final de sábado à noite, o Sínodo teria ficado um pouco incompleto e não lido na chave da fé, que é aquela que verdadeiramente o inspirou e motivou na mente do Papa. Portanto, o Papa interveio no início e no fim: durante não interferiu. Porém, todos aqueles que tiveram que tratar com ele, sempre o encontraram extremamente sereno, mesmo nos momentos em que podia parecer que houvesse tensão ou discussão dentro do Sínodo. Isto nunca o perturbou. Ele sempre se manteve extremamente confiante na guia do Espírito – digamos assim – e portanto, na capacidade da comunidade da Igreja e do Sínodo em particular, de participar de uma busca espiritual, de uma busca do bem da Igreja, que no final, teria encontrado a sua orientação numa perspectiva correta e não numa perspectiva simplesmente humana ou de tensões internas, mas seria reconduzido ao seu sentido, à sua natureza espiritual verdadeira pela ajuda do Senhor e ele, o Papa como guia, repropôs com autoridade a sua responsabilidade justamente pela condução, segundo a vontade de Deus, do caminho da Igreja."
Este tema do discernimento espiritual, que tocou com profundidade no último discurso, permanece extremamente importante também para a continuação do processo do Sínodo. Esta é a verdadeira chave de leitura de todo o processo do Sínodo, e o Papa, que é um homem de fé, vive-o nesta perspectiva e nesta chave. Por isto podemos ter a confiança de que o Sínodo alcançará, em todo o seu caminho, uma meta positiva para a Igreja”.