Cinco meses após a viagem apostólica à Coreia, o Papa Francisco volta à Ásia. O Pontífice parte para o Sri Lanka na tarde desta segunda-feira (12/01) às 18h50 – horário de Roma – e chegará a Colombo na manhã de terça-feira.
A capital cingalesa hospedará Francisco por dois dias, e estão previstos quatro eventos principais: a cerimônia de boas-vindas no aeroporto, o encontro inter-religioso, a Santa Missa com a canonização de José Vaz e a oração mariana no Santuário de Nossa Senhora de Madhu, ao norte de Colombo.
A Rádio Vaticano transmitirá todos os eventos ao vivo, com comentários em português, com exceção da cerimônia de boas-vindas. Mas sobre a expectativa, leia e ouça o boletim do enviado do Programa Brasileiro, Silvonei José:
"Os fiéis do Sri Lanka vivem horas de grande expectativa pela chegada na manhã desta terça-feira do Papa Francisco a Colombo. Foi o próprio Santo Padre a anunciar ao mundo e aos fiéis desta terra a sua intenção de visitar este país durante o seu retorno de Israel no último mês de maio, falando com os jornalistas presentes no voo papal.
Mas já antes desse anúncio, quando retornava então do Brasil em 2013, também na já tradicional conversa com os jornalistas a bordo do avião que o trazia de volta a Roma do Rio de Janeiro onde participou da JMJ o olhar para o continente asiático já tinha sido lançado.
“Eu tive um convite para visitar o Sri Lanka e também as Filipinas. À Ásia devemos ir. Porque o Papa Bento XVI não teve tempo de ir e é importante”, afirmara então. Francisco acrescentando essas duas novas etapas ao seu magistério itinerante, que abrem 2015, ano para o qual se preveem outras importantes viagens internacionais, dilata ainda mais os confins de um percurso evangelizador várias vezes descrito por ele.
“À Ásia se deve ir”. Uma frase peremptória, uma mensagem clara, se tratava de um projeto que já estava delineado nos pensamentos pastorais de Bergoglio da Igreja “em saída”. A ação missionária é o paradigma de qualquer ação da Igreja, sempre afirmou Francisco. Já no primeiro capítulo da sua Exortação Apostólica “Evangelii Guadium” desenvolve o tema da missionariedade da comunidade eclesial, chamada a sair de si para encontrar os outros. Em outros termos a Igreja deve “ir ao encontro” buscar os distantes e chegar às encruzilhadas das estradas para convidar os excluídos. Assim o Sucessor de Pedro toma o seu cajado e vai ao continente asiático, o mais populoso do planeta e com o menor número de católicos, uma terra de desafios, uma terra de missão, uma terra de evangelização.
O Sri Lanka que acolhe o Papa Francisco nesta terça-feira é um país que viveu anos de conflitos, de guerras, que produziram mortes, dores e feridas imensas. É um país de pouco mais de 20 milhões de habitantes onde 80% da população vive em vilarejos rurais. A maioria é de religião budista, cerca 70,2%, hinduístas 12,6% e os cristãos 7,5%; os católicos são 6,5%. Recebendo um grupo de peregrinos do Sri Lanka no Vaticano em 8 de fevereiro de 2014, o Santo Padre recordou que essa terra é chamada a Pérola do Oceano Índico, por causa da sua beleza natural e da sua conformação. Fala-se que a pérola é formada pelas lágrimas da ostra, disse o Papa. Infelizmente, muitas lágrimas foram derramadas nos últimos anos nesta terra por causa do conflito interno que provocou muitas vítimas e causou muitos prejuízos. “Não é fácil curar as feridas e colaborar com o adversário de ontem para construir juntos, o amanhã, – disse então o Papa – mas é a única estrada que nos dá esperança de um futuro, esperança de desenvolvimento e esperança de paz”.
A visita do Papa Francisco ao Sri Lanka ajudará a superar as divisões no país declarou o Cardeal Malcom Ranjith, Arcebispo de Colombo e Presidente da Conferência Episcopal do Sri Lanka, falando à Rádio Vaticano. Em uma nação onde duas comunidades étnicas se contrastam há anos, a chegada de Francisco oferecerá a ocasião para refletir sobre a importância da paz e da reconciliação entre as partes. De fato, desde 1975 neste país, se acentuou o conflito entre a maioria da população de etnia cingalesa, substancialmente budista, e a minoria tâmil, hinduísta e cristã. Dentro da minoria tâmil atua um grupo nacionalista armado conhecido com o nome “Tigres para a libertação da Pátria Tâmil”, que há anos reivindica a criação de um Estado soberano Tâmil.
Entre as numerosas iniciativas realizadas na fase de preparação da viagem do Papa Francisco destaca-se a recente inauguração do canal de televisão católico, chamado “Verbum TV”, que desde o início do último mês de dezembro transmite programas de formação católica. Representa para a Igreja deste país um novo modo para evangelizar e procurar esclarecer as incompreensões ligadas ao fundamentalismo, afirmou durante a sua inauguração o Cardeal Ranjith.
Sobre a expectativa da chegada de Francisco, nós conversamos com o Núncio Apostólico no Sri Lanka, Arcebispo Dom Pierre Nguyên Van Tot…
A visita do Papa Francisco ao Sri Lanka será a terceira visita de um Pontífice à ilha, depois da primeira de Paulo VI em 1970, quando o país ainda se chamava Ceilão. E a segunda realizada por João Paulo II em 1995 quando beatificou José Vaz. Agora Francisco irá canonizá-lo. O tema da viagem é tirado do Evangelho de João, “Habitar no amor”.