O Arcebispo católico de Jos, na Nigéria, pede ao mundo ocidental que mostre a mesma solidariedade para com o seu país que mostrou para com a França, após os ataques terroristas da semana passada.
Na mesma semana em que três radicais muçulmanos em França fizeram 17 mortos, em dois incidentes diferentes, um novo avanço do grupo Boko Haram terá morto centenas, se não mesmo milhares de pessoas na cidade de Baga, no Estado de Borno.
“É necessário que essa atitude exista não apenas em relação à Europa, mas também quando se trata da Nigéria, Níger, Camarões e outros países pobres”, o arcebispo Ignatius Kaigama, em declarações à BBC
O arcebispo pediu ainda que sejam mobilizados meios internacionais para combater os elementos do Boko Haram que têm provocado “tanta tristeza a tantas famílias”, dando a entender que as forças armadas da Nigéria não são capazes de lidar com o problema sozinhas.
Este fim-de-semana o grupo voltou a atacar. Três mulheres fizeram-se explodir num mercado, matando dezenas de pessoas. Pelo menos uma das "mulher-bomba" era uma criança de apenas 10 anos. Já esta segunda-feira o exército nigeriano afirmou que estava a tentar reconquistar Baga e que já tinham sido mortos 150 membros do Boko Haram.
A diferença na reacção às tragédias nos diferentes países tem sido objecto de crítica e de análise em vários locais, incluindo nas redes sociais, com alguns cibernautas a adoptar imagens de perfil com a frase: “Eu sou nigeriano”, em vez de “Eu sou Charlie”, e na manifestação de domingo, em França, eram visíveis alguns cartazes de solidariedade com a Nigéria.
O Papa Francisco, por sua vez, recordou ambas as tragédias, e outras causadas pelo extremismo religioso, no seu tradicional discurso ao corpo diplomático esta segunda-feira de manhã.