O Papa defende "transparência absoluta" na reforma da Cúria Romana, os organismos centrais de governo da Igreja Católica. Francisco falava esta quinta-feira de manhã, no Vaticano, na abertura da reunião de dois dias com 160 cardeais de todo o mundo.
"A meta a atingir é sempre a de favorecer uma maior harmonia no trabalho dos vários dicastérios e organismos para conseguir uma colaboração mais eficaz, naquela transparência absoluta que edifica a verdadeira sinodalidade e colegialidade", declarou o Papa.
Francisco sustentou que a reforma em curso não é "um fim em si mesmo", mas um meio para "dar um forte testemunho cristão", promover uma "evangelização mais eficaz" e promover o espírito ecuménico e um "diálogo mais construtivo com todos".
“Com certeza que não é fácil chegar a uma tal meta: exige tempo, determinação e, sobretudo, a colaboração de todos”. sublinhou
O encontro decorre depois da oitava reunião do Conselho dos Cardeais, entre segunda e quarta-feira. Conhecido como "C-9", o conselho foi criado pelo Papa para ajudar na reforma da Cúria Romana.
Francisco dirigiu-se esta quinta-feira de manhã aos 20 prelados que vão ser criados cardeais no consistório público de sábado, entre os quais o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. "Bem-vindos a esta comunhão, que se exprime na colegialidade", declarou.
O C9 apresentou em Setembro de 2013 um esboço de nova Constituição para a Cúria Romana, que foi discutido com os responsáveis dos organismos centrais do governo da Igreja, dois meses depois.
O trabalho está mais avançado no que diz respeito às questões económicas e administrativas e às questões relacionadas com os departamentos de economia, após a instituição do Conselho e da Secretaria para a Economia, liderada pelo cardeal australiano D. George Pell.
O documento que regulamenta actualmente a Cúria Romana é a constituição "Pastor Bonus", assinada por S. João Paulo II a 28 de Junho de 1988.