O segundo cardeal moçambicano da história deste país lusófono, D. Júlio Duarte Langa, disse hoje em Roma esperar que governo e oposição mantenham um clima de diálogo e país no país lusófono.
“As eleições [gerais de outubro de 2014] não foram muito transparentes, ao contrário do que seria desejável, e a oposição estava numa atitude de contestar, talvez até com certa violência”, recordou, em conferência de imprensa que decorreu no Colégio Pontifício Português, em Roma, juntamente com o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
O bispo emérito de Xai-xai mostrou-se satisfeito com os encontros da última semana entre o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, esperando que ajudem a consolidar a paz.
O cardeal moçambicano, de 87 anos, foi bispo no sul do país africano, entre maio de 1976 (então ainda com a denominação de Diocese de João Belo) e junho de 2004, tendo sido ordenado bispo pelo primeiro cardeal de Moçambique, Alexandre dos Santos.
“Estava longe de tudo isto, muito longe”, confessou, a respeito da sua nomeação cardinalícia, recordando que já quando foi eleito bispo aceitou porque “era necessário servir a Igreja”, após a mudança política no seu país.
“Agora é a mesma coisa: aceitei, não esperava, mas o Papa chamou-me e estou aqui presente, para servir a Igreja”, referiu aos jornalistas.
D. Júlio Duarte Langa espera poder “trabalhar, colaborar com Francisco “na tomada de decisões” que ajudem a Igreja “a crescer e a viver”
O antigo bispo de Xai-xai foi criado cardeal durante o consistório a que o Papa presidiu este sábado, na Basílica de São Pedro, juntamente com outros dois prelados lusófonos: D. Manuel Clemente e D. Arlindo Furtado, bispo de Santiago de Cabo Verde.