O Papa afirma na sua nova encíclica ‘Laudato si’, publicada hoje pelo Vaticano, que a preocupação pelo meio ambiente tem de estar “unida ao amor sincero pelos seres humanos” e a um compromisso social.
“Quando, na própria realidade, não se reconhece a importância dum pobre, dum embrião humano, duma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado”, explica.
Segundo Francisco, “uma vez que tudo está relacionado”, também não é compatível a defesa da natureza com a apologia do aborto ou de “experiências com embriões humanos vivos”.
“Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são incómodos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e dificuldades”, escreve, num documento que liga a ecologia ambiental à ecologia humana.
“A própria vida humana é um dom que deve ser protegido de várias formas de degradação”, pode ler-se.
O Papa insurge-se contra o que classifica como “esquizofrenia permanente” e “exaltação tecnocrática”, que não reconhece aos outros seres um valor próprio, chegando a “negar qualquer valor peculiar ao ser humano”.
“Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana”, apela.
Francisco entende que “um sentimento de união íntima com os outros seres da natureza” só pode ser verdadeiro “se ao mesmo tempo não houver no coração ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos”.