“A Santa Sé considera a promoção da liberdade religiosa uma prioridade de seus compromissos internacionais”, disse o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, no encontro pelos 40 anos do Ato final de Helsinque, realizado nesta terça-feira (23/06) na Sala Zuccari do Senado Italiano, em Roma.
O Ato final da Conferência sobre a Segurança e a Cooperação da Europa foi assinado, em Helsinque, na Finlândia, em 1° de agosto de 1975. É uma declaração sobre os princípios que regulam as relações mútuas dos estados participantes, como o respeito dos direitos do homem e das liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de pensamento, de consciência, de religião ou de convicção.
Os trabalhos foram abertos pelo Presidente do Senado, Pietro Grasso. Depois de explicar o que a Conferência de Helsinque representou para a Santa Sé, o Cardeal Parolin ressaltou que ainda hoje a liberdade religiosa não é ameaçada “somente nos países totalitários, mas também nos Estados que, definindo-se neutros, excluem toda expressão religiosa da vida pública”.
Santa Sé comprometida contra a intolerância e discriminação
“A Santa Sé não cessa de lembrar à comunidade internacional a necessidade de combater a intolerância e a discriminação contra os cristãos com a mesma determinação com a qual luta contra o ódio em relação aos membros de outras comunidades religiosas”, disse o purpurado.
Segundo o Secretário de Estado Vaticano, a liberdade religiosa e os direitos humanos estão “na base da paz e da estabilidade na Europa. Se o diálogo é o instrumento para alcançar a paz, a tutela dos direitos humanos é a garantia para conservá-la”. O purpurado recordou também os “direitos fundamentais dos imigrantes, cujo status de estrangeiros, não cancela a sua identidade como membros da mesma família humana”.
Agir contra a cultura do descarte, tutelar o bem comum
“A comemoração dos 40 anos do Acto final de Helsinque se torna hoje a ocasião para um apelo em favor de nossa casa comum, para construir a nossa casa comum e agir para que não prevaleça a cultura do descarte que mede o valor do ser humano segundo categorias econômicas”, disse ainda o Cardeal Parolin.
“Onde a liberdade religiosa é promovida se tutela o bem comum de todos os cidadãos, fiéis e não fiéis, e se colocam as bases para uma ação inclusiva que não transcure os pobres, os últimos, as minorias e as periferias”, sublinhou.
São João Paulo II e o ato de esperança no processo de Helsinque
O Cardeal Parolin concluiu o seu discurso retomando as palavras de São João Paulo II por ocasião de sua viagem apostólica à Finlândia, em 1989: “Na nobre tarefa de levar a termo o processo de Helsinque”, disse Karol Wojtyla, “a Igreja Católica não deixará de estar ao lado de vocês, naquela maneira discreta que caracteriza a sua missão religiosa. Ela está convencida da validade do ideal encarnado aqui 14 anos atrás num documento que para milhões de europeus é mais do que um documento final: é um ato de esperança”.