O Papa nesta Quarta-feira no Vaticano que é tempo de “caminhos novos” para a Igreja, falando durante o tradicional encontro de Natal com os seus colaboradores na Cúria Romana.
“Somos chamados pôr-nos em viagem e caminhar, como fizeram os magos, seguindo a luz que nos quer levar mais longe, sempre, e por vezes nos faz procurar sendas inexploradas e percorrer caminhos novos”, declarou, na Sala das Bênçãos do Palácio Apostólico.
Francisco chegou ao local pelo seu próprio pé, apoiado numa bengala, e foi recebido por um aplauso pelas dezenas de cardeais, bispos e outros responsáveis dos serviços centrais de governo da Igreja Católica.
A intervenção convidou os presentes a ter “coragem para caminhar, para ir mais longe.””
60 anos depois anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre progressistas e conservadores, mas esta não é diferença, a verdadeira diferença central está entre apaixonados e habituados. Esta é a diferença. Só quem ama pode caminhar”, assinalou o Papa.
Para Francisco, esta é uma “uma questão de amor”, porque é “preciso coragem para amar”.
“Quando o serviço que realizamos corre o risco de arrefecer, de ‘labirintar’ na rigidez ou na mediocridade, quando nos encontramos emperrados nas redes da burocracia e da insignificância, lembremo-nos de olhar para o alto, recomeçar a partir de Deus”, apelou, precisando que, “dos labirintos, sai-se apenas por cima”.
O Papa citou a reflexão de um sacerdote, observando que “custa reanimar as brasas sob a cinza da Igreja”.
O discernimento deve ajudar-nos, também no trabalho da Cúria, a ser dóceis ao Espírito Santo, para poder escolher as orientações e tomar as decisões, não com base em critérios mundanos nem simplesmente aplicando regulamentos, mas segundo o Evangelho”.
Evocando as figuras da Virgem Maria, São João Batista e dos magos do Oriente, que foram adorar Jesus após o seu nascimento, Francisco destacou que a fé coloca as pessoas em movimento e as questiona, em vez de oferecer soluções “fáceis” para os problemas.
“Deus coloca-nos em viagem, tira-nos para fora das nossas áreas de segurança, põe em discussão as nossas aquisições e é precisamente assim que nos liberta, nos transforma, ilumina os olhos do nosso coração para nos fazer compreender a esperança a que Ele nos chamou”, precisou.
O Papa alertou para a tentação de, no trabalho da Cúria, os seus colaboradores ficarem “parados”, por causa do medo.
“Os medos, a rigidez e a repetição dos esquemas geram uma situação estática, que tem a vantagem aparente de não criar problemas – quieta non movere –, mas levam-nos a girar sem resultado nos nossos labirintos, penalizando o serviço que somos chamados a oferecer à Igreja e ao mundo inteiro”, observou.
O discurso criticou a “rigidez da ideologia”, propondo “uma Igreja que procura interpretar os sinais da história à luz do Evangelho”.
A reflexão centrou-se em três verbos, “escutar, discernir, caminhar”.
“É importante, para todos nós, o discernimento, esta arte da vida espiritual que nos despoja da pretensão de já saber tudo, do risco de pensar que basta aplicar as regras, da tentação de proceder, na própria vida da Cúria, repetindo simplesmente esquemas”, observou o Papa.
Francisco concluiu com uma oração para que Deus conceda a todos “a graça da alegria no serviço humilde e generoso” e “bom humor”.
Após o encontro com os membros da Cúria Romana, o Papa felicita também todos os colaboradores da Santa Sé, no Auditório Paulo VI.
OC