O Papa encerrou neste Domingo a sua primeira viagem à Córsega com a celebração da Missa na ‘Place d’Austerlitz’, perante milhares de pessoas, alertando para a “ânsia do consumismo”, às portas do Natal.
“Os cristãos não devem viver com angústia. Não andeis angustiados, desiludidos, tristes. Como estão difundidos estes males espirituais hoje em dia, sobretudo onde se difunde o consumismo”, referiu, na homilia da Eucaristia do III domingo do tempo do Advento, que antecede a celebração do nascimento de Jesus no calendário católico.
“Tanta gente que vai fazer compras, compras, compras, com a ânsia do consumismo, que depois desaparece e não deixa nada”, acrescentou.
No último encontro público da viagem, que se iniciou esta manhã, Francisco afirmou que uma sociedade que vive do consumismo, “envelhece insatisfeita, porque não sabe dar: quem vive para si mesmo nunca será feliz”.
“E esta é um mal que todos podemos ter. Todos os cristãos, padres, bispos, cardeais, todos nós, mesmo o Papa”, advertiu.
A dez dias do Natal, a homilia convidou a preparar “um coração humilde e confiante”, com uma “espera alegre”.
“Aquele que tem a mente ocupada com pensamentos egocêntricos perde a alegria da alma: em vez de vigiar com esperança, duvida do futuro”, observou o pontífice.
À imagem do que fez na primeira intervenção da sua visita, Francisco quis valorizar a “piedade popular”.
Pensemos nas confrarias, que nos podem educar para o serviço gratuito ao próximo, tanto espiritual como corporal. Estas associações de fiéis, tão ricas de história, participam ativamente na liturgia e na oração da Igreja, que embelezam com os cânticos e as devoções do povo”.
O Papa considerou que “não é fácil ter alegria”.
“A alegria cristã não é de modo algum irrefletida, superficial, uma alegria de carnaval. Pelo contrário, é uma alegria do coração, assente num fundamento sólido”, observou.
Francisco assinalou que o Natal traz “sinais de esperança” ao mundo, a começar pela paz.
“Que as nossas comunidades cresçam na capacidade de acompanhar todos, especialmente os jovens, no caminho rumo ao Batismo e aos Sacramentos, mas de um modo mais especial os velhinhos, os idosos”, apelou.
O Papa lamentou que muitas pessoas “abandonem os pais num lar de idosos” e desafiou os casais a ter filhos, saudando o número de crianças que viu na rua – referindo que apenas encontrou tantas na viagem de setembro a Timor-Leste.
A viagem encerra-se no Aeroporto Internacional de Ajácio, após uma conversa privada com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Ao longo deste domingo, Francisco foi acompanhado por milhares de pessoas que saiu para as ruas ou para as varandas, com faixas de saudação e gritos de ‘Vivu Papa’.
O Papamóvel chegou a demorar meia hora para percorrer cerca de 200 metros, porque Francisco quis cumprimentar crianças, abençoar bebés e desceu mesmo para felicitar a mulher mais velha da ilha, com 108 anos de idade, numa cadeira de rodas.
No final da Missa desta tarde, o Papa agradeceu a todos os que o acompanharam neste dia, bem como aos responsáveis católicos e civis que ajudaram a preparar esta visita.
“Senti-me em casa”, declarou, sob os aplausos da multidão.
Francisco convidou os católicos a estar perto de quem sofre, dos doentes, idosos e sós, com “gestos de ajuda”.
“Que o Evangelho de Jesus Cristo vos ajude a ter o coração aberto ao mundo”, desejou.
OC