Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que as falhas humanas estão na origem do "drama da história do próprio papado" e que a Igreja Católica é mais forte do que "as forças do mal".
"O papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar", disse, na homilia da celebração em que 43 arcebispos metropolitas de todo o mundo, incluindo sete brasileiros e um angolano, receberam o pálio, uma insígnia litúrgica de "honra e jurisdição" da Igreja Católica.
Bento XVI declarou que as "forças do caos e do mal" que se opõem à Igreja Católica "não conseguirão levar a melhor" e destacou, nesse sentido, o papel desempenhado pelo próprio bispo de Roma.
O apóstolo Pedro, considerado como o primeiro Papa da história, "recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo", que se prolongam "por todos os tempos".
"As decisões de Pedro, no exercício desta sua função eclesial, têm valor também diante de Deus", acrescentou.
A Igreja, vincou Bento XVI, "não é uma comunidade de seres perfeitos, mas de pecadores" que precisam de ser "purificados através da cruz de Jesus Cristo".
Na solenidade litúrgica de São Pedro e São Paulo, padroeiros de Roma, o atual Papa disse que estes apóstolos e mártires "representam todo o Evangelho de Cristo".
"Sintamo-nos todos juntos colaboradores da verdade", pediu o Papa aos metropolitas (prelado que preside a uma província eclesiástica constituída por diversas dioceses).
Cada arcebispo, nomeado nos últimos 12 meses, proferiu um juramento no qual se comprometeu a ser "sempre fiel e obediente" à Igreja Católica, ao Papa e aos seus sucessores.
Três arcebispos (mais um do que fora anunciado inicialmente) vão receber o pálio, faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda, na sua sede episcopal, por não terem podido deslocar-se ao Vaticano.
A celebração contou com a participação de uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (actual Istambul, Turquia), da Igreja Ortodoxa, e pela inédita presença do coro da abadia anglicana de Westminster (Londres), que cantou com o coro da Capela Sistina.
Esta foi a primeira vez que o coro pessoal do Papa, com mais de 500 anos de existência, se apresentou no Vaticano em conjunto com outra congénere, numa decisão do próprio Bento XVI, segundo a Santa Sé.
OC