Angola é um país onde existe a língua portuguesa e várias nacionais, com destaque para o Umbundu, Kimbundo, Kikongo, Nyaneka-Humbi, Oshiwambo ou Kwanyama, Ganguela e Tchokwé”, ressaltou Dom Francisco Viti, Arcebispo emérito do Huambo, Em declarações à imprensa sobre a obra “Tradução do Catecismo da Igreja Católica em Umbundu”, a língua com mais falantes no país, depois do português (língua oficial), e da qual é o autor.
O prelado disse que o processo deve iniciar no seio familiar e depois transportado para o sistema oficial de ensino, reconhecendo existir vontade, por parte das autoridades, em levar o ensino das línguas nacionais às escolas, porém, isto ainda necessita de mais estudos para que o ensino das línguas locais não se resume somente à iniciação, devendo ser abrangente ao I e II ciclo do ensino geral, de modos a melhorar a forma de aprendizagem.
“As línguas nacionais, dada a sua importância no mosaico cultural angolano, devem ser transmitidas muito cedo às crianças, uma vez que elas simbolizam a identidade de um povo independente e, consequentemente, a sua valorização”, destaca Dom Francisco Viti.
O prelado católico lembrou que hoje em dia existe mais preocupação dos pais em levar os filhos para uma escola de língua inglesa, espanhola e francesa, em detrimento do ensino das línguas nacionais, mesmo em casa, no caso da língua local Umbundu.
Adiantou que, com esta atitude, se está a desvalorizar, cada vez mais, as línguas nacionais, deixando de serem interessantes para as novas gerações, exigindo por este facto uma maior unidade no sentido de se ultrapassarem essas barreiras no seio da sociedade.
Na sua opinião, cada grupo etnolinguístico deve preservar a sua língua, deve promove-la e cada cidadão deve preocupar-se em aprender a língua da região onde estiver a residir, sem desprimor da sua língua materna por fazer parte da identidade cultural de um povo, que ajuda a perceber melhor os hábitos e costumes de uma determinada comunidade e sua história.
Dom Francisco Viti, natural de Benguela, nasceu a 15 de Agosto de 1933. Fez os seus estudos no Seminário Menor do Quipeio, também conhecido por Seminário Menor da Caála e no Seminário Maior de Cristo Rei no Huambo, com cursos de Filosofia e de Teologia. Foi ordenado sacerdote a 14 de Julho de 1963 na Catedral do Huambo.
Depois de onze anos na Diocese de Menongue foi nomeado Arcebispo do Huambo no dia 20 de Setembro de 1986.
Dom Francisco Viti serviu a Igreja do Huambo durante 17 anos.