Discurso de abertura na 1ª Assembleia Plenária da CEAST – 2015
(Lwena, 11 – 18 de Março)
Saúdo Sua Excia Revma Dom Tirso de Jesus Blanco e, na sua pessoa, toda a comunidade diocesana do Lwena: clero, religiosos e religiosas, fiéis leigos, governantes e todos os homens e mulheres de boa vontade que vivem nesta grande província do Moxico. Em nome de todos os Bispos da CEAST, agradeço a vossa hospitalidade e empenho na preparação desta nossa Assembleia cá no Lwena, a conhecida “cidade da paz”. Deus nos conserve na paz para sempre!
Sirvo-me desta ocasião para saudar Sua Excelência Reverendíssima o Sr. Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, muito recentemente empossado como Arcebispo de Luanda. Do Lwena os Bispos enviam também uma saudação especial a Dom Luís Maria, Arcebispo Emérito de Malanje, actualmente hospitalizado em Luanda.
Somos uma “Igreja em saída” ao encontro das “periferias geográficas e existenciais”, convite a que nos chama o Santo Padre, o Papa Francisco, o Papa que veio do “fim do mundo” e que no dia 13 do corrente completa dois anos desde a sua eleição e no dia 19, dois anos no ministério petrino.
Depois da Diocese do Kuito-Bié (2013) e São Tomé e Príncipe (2014), a CEAST realiza a sua 1ª Assembleia de 2015, nesta Diocese do Lwena. É um acontecimento que, certamente, marcará esta comunidade diocesana e também os Bispos da CEAST que, desta forma, terão a oportunidade de entrar em contacto vivo com a realidade social e eclesial da província do Moxico. A CEAST associa-se em ardente oração à Diocese do Lwena que está a viver o seu 1º Sínodo diocesano, buscando o melhor caminho rumo à Nova Evangelização nesta parcela do nosso país.
A presente Assembleia da CEAST é a 1ª deste Ano, dedicado pelo Santo Padre à Vida Consagrada, e tem lugar neste tempo litúrgico da Quaresma onde somos convidados pelo Papa Francisco a fortalecer os nossos corações (cfr, Tg 5,8) e a uma “renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis” a fim de enfrentarmos com sucesso a “globalização da indiferença” (cfr. Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2015).
Em comunhão com toda a Igreja Católica continuamos a nossa preparação do Sínodo sobre a Família que vai decorrer no Vaticano, de 04 a 25 de Outubro próximo. O nosso tempo está a ser, infelizmente, marcado por grande onda de violência protagonizada por grupos extremistas que, em nome da religião, têm semeado terror e morte em vários países do mundo, sobretudo os do continente africano.
De Outubro de 2014 à data presente, a História registou vários acontecimentos da vida da Igreja Católica em Angola, dos quais destaco os seguintes: a realização da Semana social nacional, a tomada de posse de Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias como Arcebispo Metropolita de Luanda, o 90º aniversário natalício de Sua Eminência Reverendíssima o Sr. Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, a abertura, a nível nacional e das dioceses, do Ano da Vida Consagrada; a abertura do jubileu dos 150 anos de Evangelização de Angola pelos Missionários Espiritanos. Outros acontecimentos de carácter mais diocesano chegarão ao nosso conhecimento no decorrer da leitura dos relatórios das dioceses.
A nível social, Angola vive o ano do 40º aniversário da sua Independência nacional. Continua vivo o desafio da consolidação da paz, da reconciliação nacional, da implementação de uma verdadeira democracia, da justiça social para a construção duma Angola nova em todas as dimensões.
Com a queda do preço do petróleo, as consequências da crise económica, verdadeiro calcanhar de Aquiles, que atingiu profundamente Angola, já se fazem sentir pesadamente na vida dos angolanos e não só, sobretudo na dos mais pobres, comprometendo o seu desenvolvimento humano e material. Bastaria citar como exemplos, a subida de preço de todos os produtos básicos, o aumento do desemprego e do previsível aumento da delinquência…, muitos jovens a ver a sua formação académica, moral e espiritual, fortemente ameaçada, pela corrupção que vê, na grave situação social, uma porta escancarada para a sua acção devastadora.
A Assembleia está a acontecer no mês de Março, “mês da mulher” e do “dia do pai” (19), convidando a Igreja, os governantes, e toda a sociedade a um maior compromisso na restauração da verdadeira dignidade da mulher, para a realização da comum e complementar vocação e missão que Deus confiou ao ser humano (masculino e feminino), criado à sua imagem e semelhança. Desta maneira, combateremos, eficazmente, a chamada “ideologia do género” e as suas nefastas consequências para a mulher e sobretudo para a família que está a viver uma forte desagregação e desorientação moral.
Da Agenda de trabalhos da presente Assembleia, gostaria de destacar os seguintes assuntos: a apresentação do esboço da mensagem “A Paróquia, centro da irradiação da Nova Evangelização” para o ano 2016, último do actual triénio de pastoral da CEAST; o esboço da Nota Pastoral alusiva às celebrações dos 40 anos da Independência de Angola; o estudo sobre a possibilidade da extensão da Faculdade de Teologia da UCAN; a preparação da Assembleia Plenária do SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar) a ter lugar em Angola, em Julho de 2016; o ponto de situação do dossier Rádio Ecclesia para que veja nascer o dia em que passe a ser rádio ao serviço de todos os angolanos e não só, na senda duma comunicação social que a Constituição de Angola e os Angolanos querem ver mais plural e mais respeitadora dos seus legítimos direitos neste campo.
Excelências Reverendíssimas, agradecendo a vossa amável atenção, declaro aberta a nossa Assembleia que colocamos sob a especial intercessão e protecção de Maria Santíssima e de São José, seu castíssimo Esposo. Bem-haja!
+ Gabriel Mbilingi, CSSp
Arcebispo do Lubango e Presidente da CEAST