Bento XVI alerta católicos para perigo da fé se tornar costume «secundário»
Castel Gandolfo, Itália, 02 set 2012 (Ecclesia) - O Papa pediu hoje aos católicos para darem o melhor de si na obediência aos mandamentos divinos e alertou-os para o perigo de a religião se resumir a gestos que não correspondem às convicções e opções de vida.
"Sejamos dóceis ao Senhor e tratemos de cumprir constantemente a sua vontade, custe o que custar, sem cair no desalento ou na hipocrisia", sublinhou Bento XVI na oração do Angelus, que proferiu na residência pontifícia de férias em Castel Gandolfo, próximo de Roma.
Diante de centenas de peregrinos reunidos para a prece dedicada à Virgem Maria, rezada habitualmente ao meio-dia, o Papa lembrou que, de acordo com a Bíblia, o povo de Israel foi tentado a "repor a sua segurança e a sua alegria" em elementos que não constituem a palavra divina: "nos bens, no poder, noutra 'divindade'", que qualificou de "ídolos".
Agindo dessa forma "a religião perde o seu autêntico sentido que é viver na escuta de Deus para fazer a sua vontade" e reduz-se a um hábito "secundário", observou o Papa na mensagem a que a Agência ECCLESIA teve acesso.
"Este é um grave risco de todas as religiões, que Jesus encontrou no seu tempo mas que pode verificar-se, infelizmente, também no cristianismo", frisou Bento XVI.
Ainda que os mandamentos de Deus não desapareçam do horizonte dos fiéis, é possível que deixem de ser o "mais importante, a regra de vida" e se convertam num "revestimento", enquanto que "a vida segue outra estrada", envolvida por "interesses muitas vezes egoístas individuais e de grupo", acrescentou.
"Na Bíblia a Lei não é vista como um peso, uma limitação opressora, mas como o dom mais precioso de Deus", sinal "da sua vontade de estar próximo do seu povo, de ser o seu aliado e de assim escrever uma história de amor", realçou.
Bento XVI lembrou o texto bíblico mais importante proclamado nas missas celebradas este domingo em todo o mundo, que alerta os fiéis para uma adoração a Deus por palavras e gestos exteriores mas que não é coerente com as convicções e comportamentos, ao mesmo tempo que sobrevaloriza as tradições humanas em detrimento dos mandamentos divinos.
Nas saudações finais, em seis idiomas, o Papa dirigiu-se a um grupo de libaneses que mostrava uma faixa onde se lia "Santidade, o Médio Oriente espera-o no Líbano", uma alusão à visita que o Papa vai fazer ao país entre 14 e 16 de setembro.
Bento XVI mencionou também o recomeço das aulas: "é bom e necessário aprender", afirmou, antes de encorajar as crianças e jovens a descobrir "a alegria da amizade".
"O tempo para o desporto e para o lazer é importante, mas o tempo para a família e para Deus é ainda mais importante", pelo que os parentes e professores "devem favorecer o justo equilíbrio", vincou.
RJM