Bento XVI recordou hoje “todos os que sofrem” no Médio Oriente, ao iniciar uma visita de três dias ao Líbano, e apelou à convivência pacífica entre as várias religiões e povos da região.
“Além do vosso país, dirijo-me em espírito também a todos os países do Médio Oriente como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo de todos os habitantes de todos os países da região, independentemente da sua filiação e da sua crença”, afirmou o Papa, no seu primeiro discurso em solo libanês, poucos minutos após a chegada ao aeroporto de Beirute.
O Papa aludiu aos “acontecimentos tristes e dolorosos” que atingiram o Líbano, antes de dizer que “a convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Médio Oriente e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas” e um “diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões”.
Essa estabilidade, acrescentou, exige “provas de real moderação e grande sabedoria” e a razão “deve prevalecer sobre a paixão unilateral para favorecer o bem comum de todos”.
“O famoso equilíbrio libanês, que quer continuar a ser efetivo, pode prolongar-se graças à boa vontade e ao compromisso de todos os libaneses. Só então será um modelo para os habitantes de toda a região e para o mundo inteiro”, prosseguiu.
Bento XVI elogiou “as excelentes relações que sempre existiram entre o Líbano e a Santa Sé” e a “veneração dos libaneses pelo primeiro dos Apóstolos São Pedro e seus sucessores os Papas”.
O Papa sublinhou como um “importante evento eclesial” o momento da assinatura e entrega da exortação apostólica pós-sinodal da assembleia especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos (2010), intitulada ‘Ecclesia in Medio Oriente’ (A Igreja no Médio Oriente).
Bento XVI deixou uma palavra de apoio aos católicos no Líbano, afirmando que “a sua presença, o seu compromisso e o seu testemunho são um contributo reconhecido e muito apreciado na vida diária de todos os habitantes” do país.
“Que Deus vos abençoe a todos (Lè yo barèk al-Rab jami’a kôm!). Obrigado”, concluiu.
O Papa foi recebido em Beirute pelo presidente da República do Líbano, general Michel Sleiman, e pelo patriarca Béchara Boutros Raï, presidente da assembleia dos patriarcas e bispos católicos libaneses, para além de autoridades políticas, religiosas e civis.
O presidente libanês destacou o respeito por todas as religiões, consagrado pela Constituição do país, e falou numa terra “mártir”, por causa das guerras e da violência na região, que acolhe muitos milhares de refugiados de outras nações.
A visita ao “país dos cedros” é a segunda de Bento XVI ao Médio Oriente, depois da viagem que efetuou em maio de 2009 à Jordânia, Israel e Territórios Palestinos.
OC