O Conclave para a eleição do novo Papa vai começar esta terça-feira, anunciou hoje a Santa Sé.
A decisão foi tomada após votação realizada na oitava congregação (reunião) geral realizada esta tarde no Vaticano, com a presença de mais de 150 cardeais, entre os quais os 115 que têm direito a eleger o sucessor de Bento XVI.
O início do Conclave poderia ser estabelecido desde que se verificasse a presença de todos os cardeais eleitores, condição que estava cumprida dado que o Colégio Cardinalício aceitou esta manhã os motivos apresentados pelos restantes dois prelados que têm direito a voto para não estarem no Vaticano.
Na conferência de imprensa realizada hoje o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, revelou que a hora da missa que antecede o Conclave vai ser comunicada noutro dia.
Especialistas em eletrotecnia, construção civil, hidráulica, mecânica, carpintaria e museologia continuam a realizar obras na Capela Sistina, onde vai ser eleito o Papa, entre as quais a elevação do pavimento e a introdução das duas salamandras, de 1938 e 2005, além da instalação da respetiva chaminé.
Numa das salamandras vão ser queimados os sufrágios e anotações referentes às votações, enquanto que na outra, com dispositivos eletrónicos, será criado o fumo preto ou branco que indica, respetivamente, se a eleição prossegue ou se o novo Papa foi escolhido.
O padre Federico Lombardi adiantou que não foram sorteados os quartos onde os eleitores vão ficar alojados, na Casa de Santa Marta, dentro do Vaticano.
O responsável sublinhou que todos os cardeais devem abster-se de receber ou transmitir informações para os media durante o Conclave.
Em 1059 foi decidido que a eleição do Papa cabe exclusivamente aos membros do Colégio Cardinalício.
Desde 1971 que a escolha é um direito limitado aos cardeais com menos de 80 anos à data do início da Sede Vacante, período entre a morte ou renúncia do Papa e a escolha do sucessor.
O Conclave conta com cardeais de 48 países, maioritariamente europeus, incluindo dois portugueses: D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé.
Ainda que qualquer homem batizado, solteiro e em comunhão com a Igreja Católica possa ser eleito Papa, há mais de 600 anos que o escolhido é um cardeal.
A eleição do Papa é regulada pela Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’, de João Paulo II (1996), com modificações introduzidas por Bento XVI em 2007 e a 22 de fevereiro deste ano.
O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, será o 50.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde a eleição de Leão X a 19 de março de 1513.
O Anuário Pontifício, do Vaticano, refere 265 pontificados desde São Pedro, considerado o primeiro Papa, e 263 nomes, dado que Bento IX (século XI) desempenhou esta missão em três ocasiões.
Neste Conclave vão ser precisos 77 votos para eleger o Papa, correspondendo a 2/3 dos sufrágios dos 115 cardeais eleitores.
O Conclave, palavra com origem no latim 'cum clavis' (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
OC/RJM