Os participantes do Seminário “Deus confia o ser humano à mulher”, que celebrou 25 anos da Carta Apostólica Mulieris dignitatem foram recebidos na manhã de sábado, 12, pelo Papa Francisco, na Sala Clementina, no Vaticano.
Promovido pelo Pontifício Conselho para os Leigos, o evento reuniu 150 especialistas e representantes de associações e movimentos eclesiais provenientes de 25 países e de diferentes áreas profissionais. Mulieris dignitatem foi o primeiro documento do Magistério pontifício totalmente dedicado à questão da mulher. O Beato João Paulo II a publicou em 15 de Agosto de 1988.
O Papa Francisco fez um discurso aos participantes do Seminário e abordou de modo especial a passagem do documento em que se diz que “Deus confia de modo especial o homem, o ser humano, à mulher”. Segundo Francisco, o seu predecessor se referia à maternidade:
“Tantas coisas podem mudar e já mudaram na evolução cultural e social, mas permanece o fato que é a mulher que concebe, que leva no ventre e dá à luz os filhos dos homens. E isso não é apenas um dado biológico, mas comporta uma riqueza de implicações, seja para a própria mulher, em seu modo de ser e em suas relações, seja pelo modo de se por em relação à vida humana e à vida em geral. Chamando a mulher à maternidade, Deus lhe confiou, de um modo todo especial, o ser humano”.
O Pontífice lembrou que neste enfoque, existem dois riscos extremos que podem mortificar a mulher e sua vocação. O primeiro é reduzir a maternidade a um ‘papel social’. Isto é, este ‘dever nobre’ pode, por sua vez, colocar a mulher de lado, não a valorizando plenamente na construção da comunidade, nos âmbitos civil e eclesial.
O outro risco é oposto: o de promover uma ‘emancipação’ que ocupe os espaços ‘roubados’ ao homem, abandonando o ‘ser mulher’ e seus característicos traços preciosos. O Papa ressaltou que a mulher tem uma sensibilidade particular para ‘as coisas de Deus’, principalmente porque ajuda a compreender a misericórdia, a ternura e o amor que Deus tem por nós.
Concluindo, Francisco propôs a Mulieris dignitatem como um aprofundamento e reflexão sobre um quesito já tocado em seu Pontificado:
“A Igreja também se deve questionar. Sofro ao ver, na Igreja e em organizações eclesiais, que o 'serviço' feito pelas mulheres - que todos devemos fazer, é claro - se reduz a 'servidão'. Que presença tem a mulher? A mulher pode ser mais valorizada? Esta é uma realidade que tenho em meu coração; e é por isso que quis lhes encontrar e abençoar vocês e seu empenho. Vamos assumi-lo juntos!” - exortou o Papa, pedindo que Maria, grande mulher, Mãe de Jesus e de todos os filhos de Deus, nos acompanhe.