Espera-se “casa cheia” no dia 27 de Abril, com a Polónia a prometer fornecer uma grande parte dos peregrinos, a menos de cinco dias para a canonização dos papas João Paulo II e João XXIII. Cracóvia e Bergamo, onde nasceram respectivamente o Papa polaco e o italiano, também têm muitos eventos programados.
Espera-se um clima de festa, como explicou em conferência de imprensa, a 31 de Março o cardeal vigário Agostino Vallini: “Posso dizer-vos como Roma vive este evento espiritual, porque é a festa da santidade. A relação que João XXIII e João Paulo II tiveram com a Igreja de Roma, da qual foram bispos, era uma relação muito próxima, a começar pelo seu estilo, com o qual exerceram o seu ministério. Estilo de proximidade, de acolhimento para com as pessoas da comunidade eclesial e também para com o homem enquanto tal.”
Roma se prepara para uma autêntica invasão de peregrinos, esperando-se que o contingente polaco seja dos mais numerosos. A canonização foi marcada para a Primavera em parte para que fosse mais seguro e fácil a deslocação destes fiéis.
De recordar que o Papa João Paulo II visitou Angola em 1992, no seu discurso de boas vindas, João Paulo II começou por dizer,
Com imensa alegria e profunda gratidão a Deus, acabo de beijar o solo da vossa Nação, para a qual tantas vezes, nestes anos de pontificado, voou o meu pensamento, num misto de ansiedade e confiança. Com solidária amizade, acompanhei as várias etapas, que marcaram o calvário da construção da sua liberdade e identidade como povo de irmãos sobre esta terra.
Agora Deus concedeu-me vir ter convosco, peregrino do amor e da esperança. Trago comigo uma Boa Nova de reconciliação e de paz para este amado povo, em cujo nome Vossa Excelência, Senhor Presidente, quis dar-me as boas-vindas. Aceite a minha mais viva gratidão pela sua presença, pelas deferentes palavras que me dirigiu, e ainda pelo repetido convite a visitar o País.
Às diversas autoridades aqui presentes, bem como aos Membros do Corpo Diplomático, que tiveram a gentileza de vir ao meu encontro, agradeço-lhes este gesto de cortesia e auguro as maiores felicidades na nobre missão que lhes está confiada.
2. Uma saudação, particularmente afectuosa e agradecida, dirijo-a agora aos meus Irmãos no episcopado, que me convidaram, nomeadamente ao Senhor Cardeal Alexandre do Nascimento, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé. Saúdo todas as vossas dioceses: os sacerdotes, os religiosos e religiosas, e os leigos cristãos. Sois a Igreja de Deus que foi semeando a Boa Nova de Jesus Cristo, em sulcos cada vez mais profundos, na história e no carácter deste povo.
Sinto-me feliz por me encontrar com esta Igreja sempre jovem – mas cuja semente vem de longe –, precisamente no encerramento do jubileu da chegada da Salvação de Cristo. Vim para dar alento ao seu esforço, trazer nova esperança à sua esperança, e ajudar a discernir o caminho do futuro.
3. Senhor Presidente, hoje o nome de Angola evoca já mundialmente um povo cioso da sua liberdade e empenhado na construção da sua identidade histórica. Congratulo-me convosco pela estrada que corajosamente iniciastes. Refiro-me à consolidação de Angola como um Estado de direito, assente nos valores e nos princípios da vida, da justiça social e do respeito mútuo.
O País está a viver momentos cruciais para a recta definição do seu futuro. Que ninguém desanime perante as inevitáveis dificuldades! Encorajo todos e cada um, nomeadamente os responsáveis pelos destinos da Nação, a que se empenhem cada vez mais no caminho da solidariedade, por uma crescente entreajuda e aceitação mútua de todos os angolanos! Estou certo que os princípios cristãos poderão infundir aquela esperança e dinamismo novo, que permitirá ao País ocupar o lugar que lhe corresponde no concerto das Nações.
A Igreja, cumprindo a missão que lhe é própria, não deixa de reafirmar a sua vocação de serviço às grandes causas do homem: ela continuará a ser uma memória viva da dignidade da pessoa e dos seus valores espirituais, e um apelo instante à criação e consolidação de relações fraternas, apoiadas no diálogo e entreajuda.
4. Neste momento da chegada, estendo o meu abraço caloroso e pleno de esperança ao povo angolano inteiro: para todos vai a minha cordial saudação, numa homenagem de respeito e afecto, de admiração e apreço pelos vossos valores de história e da cultura.
O meu gosto seria entrar em cada uma das vossas casas, saudar cada homem e cada mulher, acarinhar cada criança em cujos olhos se reflectem a inocência e o amor. Mas isso não é possível! Ficai certos, porém, de que me sinto perto de cada um de vós e a todos vos terei presente na minha oração, especialmente aqueles que sofrem o luto, a orfandade, a fome e a incerteza do amanhã.
Queridos angolanos, que a fé em Deus vos ajude a superar todos os obstáculos e se torne um incentivo para caminhardes avante em paz e harmonia, uns com os outros e com todos os povos, no amor e no serviço dedicado ao vosso maravilhoso país.
Angola, venho a ti com sentimentos de amizade, de reverência e de confiança: que tu possas realizar o teu destino de País livre e fraterno! O Deus do céu pouse o seu olhar benigno sobre todos os teus filhos e consolide em ti a fraternidade e o bem-estar humano.
Que Deus abençoe Angola!
Que Ele preserve a sua liberdade na verdade e na unidade!