Aos milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro neste XV Domingo Comum o Papa Francisco comentou o Evangelho de S. Mateus que mostra Jesus que prega na margem do lago da Galileia. Quando fala ao povo, disse o Papa, Jesus utiliza muitas parábolas - uma linguagem compreensível a todos, com imagens tiradas da natureza e das situações da vida quotidiana. E a primeira parábola serve de introdução a todas as outras, a parábola do semeador que lança a sua semente para todo o tipo de terreno:
O verdadeiro protagonista desta parábola é mesmo a semente, que produz mais ou menos frutos, dependendo da terra em que ela caiu. Os três primeiros terrenos são improdutivos: no caminho a semente é comida por pássaros; no terreno rochoso os rebentos secam rapidamente porque não têm raízes; entre os espinhos a semente é sufocada pelos espinhos. O quarto terreno é a terra boa, e só ali, a semente se enraíza e produz frutos.
Jesus não se limitou a apresentar a parábola – continuou o Papa Francisco - ele também a explicou aos seus discípulos, dizendo-lhes o significado da semente que caiu no caminho, em terreno pedregoso e no meio de espinhos. A semente que caiu em solo fértil representa aqueles que escutam a palavra, a acolhem e guardam, e essa dá frutos. O modelo perfeito desta terra boa é a Virgem Maria, disse.
E acrescentou que a parábola do semeador fala a cada um de nós hoje, como falava aos ouvintes de Jesus há dois mil anos:
Ela nos recorda que somos a terra onde o Senhor incansavelmente lança a semente da Sua Palavra e do Seu amor. Com quais disposições o acolhemos? Como é o nosso coração? Com qual tipo de terreno se parece: um caminho, uma pedreira, um arbusto? Depende de cada um de nós tornar-se um terreno bom sem espinhos nem pedras, mas lavrado e cultivado com cuidado, de modo que possa trazer bons frutos para nós e para os nossos irmãos. E nos fará bem não esquecer que também nós somos semeadores. Deus semeia sementes boas, e também aqui podemos perguntar-nos: que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca? As nossas palavras podem fazer tanto bem e também tanto mal, podem curar e podem ferir, podem encorajar e podem deprimir … A Virgem Maria com o seu exemplo nos ensine a acolher a palavra, guardá-la e fazê-la fecunda em nós e nos outros.
Depois do Angelus, e a propósito do persistente e dramático conflito no Médio Oriente, o Papa lançou o seguinte apelo:
Dirijo a todos vós um premente apelo para que continueis a rezar com insistência pela paz na Terra Santa, à luz dos trágicos acontecimentos dos últimos dias. Ainda tenho na memória a viva recordação do encontro do passado 8 de Junho, com o Patriarca Bartolomeu, o Presidente Peres e o Presidente Abbas, com os quais invocámos o dom da paz e escutámos a chamada para quebrar o ciclo do ódio e da violência. Alguns poderiam pensar que esse encontro realizou-se em vão. Mas pelo contrário não, porque a oração nos ajuda a não nos deixarmos vencer pelo mal, nem a resignar-nos que a violência e o ódio levem a melhor contra o diálogo e a reconciliação. Exorto as partes interessadas e todos aqueles que têm responsabilidades políticas a nível local e internacional, para não poupar a oração e algum esforço para pôr fim a todas as hostilidades e alcançar a paz desejada para o bem de todos. E convido-vos a todos vós para vos unirdes na oração. Agora, Senhor, ajuda-nos Tu! Dá-nos Tu a paz, ensina-nos Tu a paz, guia-nos Tu rumo à paz. Abre os nossos olhos e os nossos corações e dá-nos a coragem de dizer: "nunca mais a guerra"; "com a guerra tudo se destrói!" Dá-nos a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz ... Faz-nos dispostos a ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Ámen.
Após ter saudado cordialmente a todos, romanos e peregrinos e, por ocasião do “Domingo do Mar” que hoje se celebra o Papa acrescentou:
Dirijo o meu pensamento aos marítimos, aos pescadores e às suas famílias. Exorto as comunidades cristãs, especialmente as costeiras, para que sejam atentas e sensíveis para com eles. Convido os capelães e voluntários do Apostolado do Mar para continuarem o seu empenho no cuidado pastoral destes nossos irmãos e irmãs. A todos, mas de modo especial àqueles que se encontram em dificuldades e longe de casa, confio à materna protecção de Maria, Estrela do Mar
E o Papa se uniu também em oração para os Pastores e fiéis que participam na peregrinação da Família da Rádio Maria em Jasna Gora, Czestochowa, agradecendo-lhes pelas orações e abençoando-os de coração.
Em seguida saudou afectuosamente a todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo de Lellis, que amanhã marca os 400 anos da sua morte, e convidou a Família Camiliana, no auge deste ano jubilar, a ser um sinal do Senhor Jesus que, como bom samaritano, se inclina sobre as feridas do corpo e do espírito da humanidade sofredora, derramando sobre elas o óleo da consolação e o vinho da esperança. E a todos os presentes na Praça de São Pedro, bem como aos profissionais da saúde que trabalham nos hospitais e lares de idosos, o Papa Francisco formulou a esperança de crescer mais e mais no carisma da caridade, alimentado pelo contacto quotidiano com os doentes.
E a terminar o Papa a todos saudou com o habitual “por favor, não vos esqueçais de rezar por mim, bom Domingo e bom almoço”