O Papa disse esta Sexta-feira em Manila que a comunidade internacional tem de reverter os mecanismos que “perpetuam” a pobreza e a “exclusão” dos pobres, apelando ao respeito pelos direitos de cada pessoa.
“A grande tradição bíblica prescreve para todos os povos o dever de ouvir a voz dos pobres e quebrar as cadeias da injustiça e da opressão, que dão origem a óbvias e verdadeiramente escandalosas desigualdades sociais”, declarou, durante a cerimónia oficial de boas-vindas às Filipinas, onde tinha chegado ao fim da tarde desta quinta-feira, perante as autoridades políticas e membros do corpo diplomático reunidos no palácio presidencial.
Francisco colocou no coração desta viagem, que se prolonga até segunda-feira, os jovens e as famílias, convidando à promoção dos valores da “bondade, sinceridade, fidelidade e solidariedade”.
“Sabemos como é difícil hoje, para as nossas democracias, preservar e defender certos valores humanos basilares, como o respeito pela dignidade inviolável de cada pessoa humana, o respeito pelos direitos de liberdade de consciência e de religião, o respeito pelo direito inalienável à vida, a começar pela vida dos nascituros até à dos idosos e dos doentes”, precisou, numa alusão às questões do aborto e da eutanásia.
Francisco recordou as vítimas do tufão Haiyan (conhecido localmente por Yolanda), evocando a “tribulação, as perdas e a devastação” causadas pelo desastre natural, a que muitos responderam com “solidariedade”.
“Como muitas vozes na vossa nação assinalaram, agora, mais do que nunca, é necessário que os dirigentes políticos se distingam por honestidade, integridade e responsabilidade quanto ao bem comum”, assinalou.
O Papa colocou como prioridades da ação política a promoção da “justiça social” e o respeito pela dignidade humana, com “a firme rejeição de toda a forma de corrupção, que desvia recursos dos pobres”.
“Hoje as Filipinas, juntamente com muitas outras nações da Ásia, têm pela frente a necessidade de construir uma sociedade moderna, fundada em bases sólidas: uma sociedade respeitadora dos valores humanos autênticos, que tutele a nossa dignidade e direitos humanos, com base em Deus, e que esteja pronta a enfrentar novos e complexos problemas éticos e políticos”, precisou.
Francisco disse que a sua visita, a primeira de um Papa em 20 anos ao maior país católico da Ásia, acontece num momento se prepara para celebrar “o quinto centenário do primeiro anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.
“A mensagem cristã teve uma influência enorme sobre a cultura filipina. A minha esperança é que tão importante efeméride faça ressaltar a sua constante fecundidade e a sua capacidade de inspirar uma sociedade digna da bondade, dignidade e aspirações do povo filipino”, assinalou.
A intervenção apelou ao diálogo e cooperação entre os crentes das várias religiões e elogiou os avanços na pacificação do sul do arquipélago, desejando “soluções justas de acordo com os princípios basilares da nação e no respeito pelos direitos inalienáveis de todos, incluindo as populações indígenas e as minorias”.
O Papa falava depois de um encontro privado com o presidente Benigno Aquino, que no seu discurso admitiu que esta visita pontifícia representa um “pesadelo para a segurança”, dada a multidão que tem acompanhado Francisco ao longo das ruas da capital.