Depois do encontro com as autoridades filipinas e o Corpo Diplomático, o Papa Francisco celebrou a Missa nesta sexta-feira na Catedral de Manila dedicada a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, uma celebração particularmente dedicada ao Clero das filipinas. Participaram na Eucaristia, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosos e seminaristas, para além de quase dois milhares de fiéis.
Cada cristão é chamado a uma vida honesta, mas também para "criar círculos de honestidade" – foi a mensagem do Papa Francisco durante a Missa nesta sexta-feira 16 de janeiro, onde falou de uma sociedade oprimida pela corrupção e a pobreza para, logo em seguida, sublinhar com energia e espontaneamente, que "os pobres são o centro do Evangelho e se nós tirarmos os pobres do Evangelho não podemos compreender a mensagem de Cristo". Outro aspecto fundamental das palavras do Papa o apelo às comunidades cristãs das Filipinas para estarem próximas dos excluídos da sociedade e proclamarem a beleza do matrimónio cristão.
Na homilia o Papa recordou antes de tudo a Igreja nas Filipinas que olha para o quinto centenário da sua evangelização, manifestando gratidão pela herança deixada por tantos bispos, sacerdotes e religiosos das gerações passadas que se esforçaram não só por pregar o Evangelho e construir a Igreja nesta nação, mas também por forjar uma sociedade inspirada pela mensagem evangélica da caridade, do perdão e da solidariedade ao serviço do bem comum. O Papa dirigiu-se depois aos religiosos chamando-os “embaixadores de Cristo” sublinhando que ser embaixador de Cristo significa, antes de tudo, convidar cada pessoa a um renovado encontro com o Senhor Jesus:
“Mas o Evangelho é também uma exortação à conversão, a um exame da nossa consciência, como indivíduos e como povo … a Igreja nas Filipinas é chamada a individuar e combater as causas da desigualdade e injustiça profundamente enraizadas, que desfeiam o rosto da sociedade filipina, contradizendo claramente o ensinamento de Cristo. O Evangelho chama os indivíduos cristãos a conduzirem vidas honestas, íntegras e solícitas pelo bem comum. Mas chama também as comunidades cristãs a criarem «círculos de integridade», redes de solidariedade que possam impelir a abraçar e transformar a sociedade com o seu testemunho profético”.
Para os sacerdotes e pessoas consagradas, continuou o Papa, a conversão à novidade do Evangelho implica um encontro diário com o Senhor na oração; para os religiosos significa encontrar na vida da comunidade o incentivo para uma união com o Senhor na caridade perfeita. E O Papa adverte:
“Naturalmente, a grande ameaça a isto mesmo é cair num certo materialismo que pode insinuar-se dentro das nossas vidas e comprometer o testemunho que prestamos. Somente o tornar-nos pobres, expulsando o nosso autocomprazimento, permitirá identificar-nos com os últimos dos nossos irmãos e irmãs. Veremos as coisas sob uma nova luz e, deste modo, poderemos responder, com honestidade e integridade, ao desafio de anunciar a radicalidade do Evangelho numa sociedade acostumada à exclusão, à polarização e a uma desigualdade escandalosa”.
O Papa Francisco tem também uma palavra especial aos jovens sacerdotes, religiosos, e seminaristas, pedindo-lhes para que partilhem a alegria e o entusiasmo do seu amor por Cristo e pela Igreja com todos, mas sobretudo com os da sua idade, e se mantenham presentes no meio dos jovens por vezes confusos e desanimados, mas que entretanto continuam a ver a Igreja como sua amiga no caminho e uma fonte de esperança:
“Sede solidários com aqueles que, vivendo no meio duma sociedade molesta pela pobreza e a corrupção, sentem-se com o espírito abatido, tentados a largar tudo, deixar a escola e viver pela estrada. Proclamai a beleza e a verdade do matrimónio cristão a uma sociedade que é tentada por apresentações confusas da sexualidade, do matrimónio e da família. Como sabeis, estas realidades estão cada vez mais sob ataque de forças poderosas que ameaçam desfigurar o plano criador de Deus e trair os verdadeiros valores que inspiraram e moldaram quanto de belo existe na vossa cultura”.
O Papa concluiu com um pensamento em Maria, Mãe da Igreja, pedindo-lhe faça jorrar de todos uma grande abundância de zelo e possa o amor reconciliador de Cristo penetrar profundamente no tecido da sociedade filipina e, por intermédio da sua Igreja, nos ângulos mais distantes do mundo.