O Papa enviou uma carta aos prelados que vai criar cardeais no consistório de 14 de fevereiro, incluindo o patriarca de Lisboa, para lhes dizer que o cardinalato é uma vocação ao serviço, não um "prémio”.
“Manter-se no serviço em humildade não é fácil quando se considera o cardinalato como um prémio, como o culminar de uma carreira, uma dignidade do poder ou de distinção superior”, escreve.
A missiva, divulgada hoje pelo jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, recomenda que se celebre a nomeação com espírito de sobriedade, para evitar que nos naturais festejos “se insinue o espírito mundano, que inebria mais do que a aguardente em jejum, desorienta e separa da cruz de Cristo”.
“Muitos irão alegrar-se por esta tua nova vocação e, como bons cristãos, farão festa (porque é próprio do cristão alegrar-se e saber festejar. Aceita-o com humildade”, pede Francisco.
A carta tem a data de 4 de janeiro, dia em que o Papa anunciou a criação de 15 cardeais eleitores, provenientes de 14 países, incluindo D. Manuel Clemente, bem como o bispo de Santiago, Cabo Verde, D. Arlindo Furtado.
O bispo emérito de Xai-Xai, Moçambique, D. Júlio Duarte Langa, de 87 anos, é um dos cinco cardeais não-eleitores que também vão ser criados pelo Papa a 14 de fevereiro.
“Ser cardeal significa incardinar-se na Diocese de Roma para dar testemunho da Ressurreição do Senhor, até ao derramamento de sangue, se necessário”, aponta o Papa.
Francisco dirige-se aos futuros cardeais para lhes assegurar a sua oração para este “novo serviço, que é um serviço de ajuda, apoio e proximidade especial à pessoa do Papa e pelo bem da Igreja”.
“Adeus, até 14 de fevereiro. Prepara-te com a oração e um pouco de penitência, que tenhas muita paz e alegria. E, por favor, peço-te que não te esqueças de rezar por mim”, conclui.
Este será o segundo consistório do atual pontificado, após a criação de 19 cardeais, entre os quais 16 eleitores, a 22 de fevereiro de 2014.