O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã deste sábado os participantes no Colóquio Ecumênico de Religiosos e Religiosas, promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Antes de mais nada o Papa deu as boas-vindas aos participantes e agradeceu o Cardeal Braz de Aviz pelas palavras momentos antes dirigidas a ele em nome de todos os presentes, cerca de 50.
O Papa se disse alegre pela iniciativa que reuniu religiosos e religiosas de diversas Igrejas e Comunidades eclesiais, destacando que o mesmo se realizou durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos; todos os anos essa semana – disse o Papa – nos recorda que o ecumenismo espiritual é “a alma do movimento ecumênico”, como destaca o Decreto conciliar Unitatis redintegratio (n. 8), do qual recentemente celebramos os 50 anos.
O Papa em seguida compartilhou alguns pensamentos sobre a importância da vida consagrada para a unidade dos cristãos.
O desejo de restabelecer a unidade de todos os cristãos está presente naturalmente em todas as Igrejas e abrange seja o clero que os leigos (cf. ibid., 5). Mas a vida religiosa, que afunda suas raízes na vontade de Cristo e na tradição comum da Igreja indivisa, tem sem dúvida uma vocação particular, na promoção desta unidade. Não é, aliás, uma coincidência que muitos pioneiros do ecumenismo foram homens e mulheres consagrados. Ainda hoje, várias comunidades religiosas se dedicam intensamente a este objetivo e são lugares privilegiados de encontro entre cristãos de diferentes tradições.
Neste contexto, - disse o Papa - gostaria de mencionar também as comunidades ecumênicas, como a de Taizé e de Bose, ambas presentes neste Colóquio. À vida religiosa pertence a busca da união com Deus e da unidade no seio da comunidade fraterna, realizando assim de maneira exemplar a oração do Senhor "que todos sejam um" (Jo 17,21).
O Papa Francisco destacou em seguida: “Não há unidade sem conversão. A vida religiosa nos recorda que no centro de cada busca de unidade e, portanto, de todo esforço ecumênico, existe antes de tudo a conversão do coração, que envolve o pedido e a concessão de perdão”. Essa consiste basicamente em uma conversão do nosso próprio olhar: procurar olhar um para o outro em Deus, e saber colocar-se também a partir do ponto de vista do outro; eis um duplo desafio ligado à busca da unidade, seja no interior das comunidades religiosas, seja entre os cristãos de diferentes tradições.
Não há unidade sem oração. A vida religiosa é uma escola de oração. O compromisso ecumênico responde, em primeiro lugar, à oração do próprio Jesus, e baseia-se essencialmente sobre a oração. Um dos pioneiros do ecumenismo e grande promotor do Oitavário para a Unidade, o Padre Paul Couturier, usava uma imagem que ilustra a relação entre ecumenismo e a vida religiosa: ele comparou aqueles que rezam pela unidade, e o movimento ecumênico, em geral, a um "mosteiro invisível" que reúne cristãos de diferentes igrejas, de diferentes países e continentes.
Queridos irmãos e irmãs, - disse o Papa -, vocês são os primeiros animadores deste "mosteiro invisível": eu os encorajo a rezar pela unidade dos cristãos e traduzir esta oração em atitudes e gestos cotidianos.
Não há unidade sem santidade de vida. A vida religiosa nos ajuda a tomar consciência do chamado dirigido a todos os batizados: o chamado à santidade de vida, que é o único caminho para a unidade. Evidencia isso com palavras incisivas o Decreto conciliar Unitatis redintegratio: “Lembrem-se todos os cristãos de que tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque, quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua”.