O Papa denunciou hoje o “silêncio cúmplice” dos que assistem com indiferença ao massacre de cristãos “perseguidos, decapitados e crucificados” por causa da sua fé.
Ao concluir a Via-Sacra desta Sexta-feira Santa, no Coliseu de Roma, perante milhares de pessoas, Francisco falou das “traições diárias” dos crentes à mensagem de Jesus.
“Na crueldade da tua paixão, Senhor, vemos a crueldade dos nossos corações e das nossas ações. No teu sentimento de abandono, vemos todos os abandonados pelos familiares, pela sociedade, dos que estão privados de atenção e da solidariedade”, referiu.
Para Francisco, a “negligência e indiferença” da sociedade estão na origem de muitos homens e mulheres “abandonados ao longo da estrada”
“Imprime no nosso coração sentimentos de fé, esperança, caridade, de perdão pelos nossos pecados”, rezou.
Neste contexto, o Papa argentino desejou que a conversão das “palavras” se transforme “em vida e obras”.
Francisco pediu ainda que Jesus reforce a “esperança” das pessoas para que estas não esmoreçam com as “tentações do mundo” nem se deixem “enganar pela corrupção e mundanidade”.
Ao longo das 14 estações a cruz foi transportada, entre outras pessoas, por uma família numerosa; um casal italiano que adotou dois irmãos no Brasil; duas irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Siena, no Iraque; católicos da Síria, Nigéria, Egito e a China.
As reflexões que recordaram os cristãos perseguidos e a escravatura moderna foram escritas por D. Renato Corti, bispo emérito de Novara, Itália, a pedido do Papa.
“Há homens e mulheres que são presos, condenados ou até mesmo trucidados, só porque são crentes ou comprometidos em prol da justiça e da paz. Não se envergonham da vossa cruz. São, para nós, admiráveis exemplos a imitar”, referiu o texto apresentado durante a celebração.
Na evocação da prisão, julgamento e condenação à morte de Jesus rezou-se pelo “direito fundamental à liberdade religiosa” lembrando “situações terríveis” da humanidade de hoje, como: “O tráfico de seres humanos, a condição das crianças-soldado, o trabalho que se torna escravidão, as crianças e os adolescentes despojados de si mesmos, feridos na sua intimidade, barbaramente profanados”.