O Papa deteve-se hoje na Aula Paulo VI com os cerca de 1.400 formadoras e formadores de consagrados e consagradas no final do Congresso internacional promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, sob o tema: “Viver em Cristo segundo a forma de vida do Evangelho”.
“Ao ver-vos assim tão numerosos - disse-lhes o Papa – não se diria que há crise de vocacional! Mas na realidade há uma indubitável diminuição quantitativa”, o que, acrescentou, torna ainda mais urgente a tarefa da formação dos jovens a terem os mesmos sentimentos de Cristo.
O Papa declarou-se, todavia, convicto de que “não há crise vocacional lá onde há consagrados capazes de transmitir, com o próprio testemunho, a beleza da consagração”. Esta é a vossa a tarefa, a vossa missão: transmitir a beleza da consagração não só como “Maestros”, mas, sobretudo dando o testemunhos da sequela de Cristo. Daí a necessidade de os formadores cuidarem também da sua própria formação e de terem sempre fresca a “a alegria de ser discípulos de Cristo”.
Para o Papa Francisco a beleza da vida consagrada é “um dos tesouros mais preciosos da Igreja”, e ser formador é igualmente belo porque é “um privilégio participar na obra do Pai que forma o coração do Filho naquele que o Espírito chamou”.
Esta tarefa pode ser, por vezes, sentida como um peso – frisou o Papa Francisco – mas o importante é a missão e formar para a missão do anuncio, do ir, com paixão, para onde for necessário, para todas as periferias, anunciar o amor de Cristo aos afastados, aos pequenos, aos pobres e deixar-se também evangelizar por eles.
Tudo isto – recordou Francisco – requer bases sólidas, uma estrutura cristã da personalidade que hoje as próprias famílias raramente sabem dar. Algo que aumenta a responsabilidade do formador para a vida consagrada.
Pondo depois em realce as qualidades do bom formador, o Papa disse que deve ter um coração grande a fim de poder formar nos jovens corações grandes, capazes de acolher a todos, corações ricos de misericórdia, cheios de ternura. O formador é um verdadeiro pai, mãe, capazes de exigir e de dar o máximo. “Isto só é possível através do amor, amor de pai e de mãe” .
Pondo-se do lado dos jovens que disse entrever em cada um desses 1400 formadores presentes, o Papa afirmou:
“E não é verdade que os jovens de hoje são medíocres e não generosos: o que necessitam é de sentir que “é-se mais feliz no dar do que no receber!, que há grande liberdade numa vida obediente, grande fecundidade num coração virgem, grande beleza no não possuir nada. Daí a necessidade de ser amorosamente atentos ao caminho de cada um e evangelicamente exigentes em cada fase do caminho formativo, a começar pelo discernimento vocacional, a fim de que a eventual crise de quantidade não determine a ainda mais greve crise de qualidade”.
E o Papa concluiu agradecendo aos formadores pela sua tarefa e recomendando-lhe que não se desencorajarem quando os resultados não correspondem às expectativas. Isto, aliás, pode favorecer o caminho da formação contínua do formador.