O Papa defendeu esta Quarta-feira no Vaticano que os responsáveis políticos promovam um “reconhecimento adequado” das famílias e construam uma sociedade com menos “burocracia”.
“Não só a organização da vida comum encalha cada vez mais numa burocracia completamente estranha aos laços humanos fundamentais mas também, infelizmente, os costumes sociais e da política dão mostras, muitas vezes, de sinais de degradação - agressividade, vulgaridade, desprezo -, que estão bem abaixo do limiar de uma educação familiar mínima”, alertou, durante a audiência pública desta semana.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco lamentou que a sociedade moderna avance do ponto de vista científico e tecnológico sem conseguir traduzir esse conhecimento “em melhores formas de convivência social”.
A intervenção criticou a “obtusidade tecnocrática e o familismo amoral”, extremos do “paradoxo” de uma sociedade que menospreza a dimensão familiar.
O tema está no centro da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, a decorrer no Vaticano, da qual o Papa sublinhou o “entusiasmo” com que se têm vivido os trabalhos.
“Que o entusiasmo dos padres sinodais, animados pelo Espírito Santo, possa fomentar o impulso de uma Igreja que abandona as velhas redes e vai pescar de novo, confiando na palavra do seu Senhor”, pediu.
Neste contexto, o Papa sustentou que as famílias são “uma das redes mais importantes” para a sua missão e a da Igreja, “não uma rede que faz prisioneiros” mas que “liberta das águas estragadas do abandono e da indiferença”.
Francisco sublinhou que a vida das famílias exige “toda a atenção e cuidado” da Igreja Católica.
“Para a Igreja, o espírito de família é como que a sua carta magna: a Igreja é e deve ser a família de Deus (…), através da família, a Igreja sai de novo a pescar para evitar que os homens se afoguem no mar da solidão e da indiferença”, precisou.
O pontífice argentino deixou depois uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, particularmente os fiéis da Paróquia da Graça.
“Unidos na oração pelo Sínodo dos Bispos, faço votos de que a vossa peregrinação a Roma fortaleça, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, com a comunidade eclesial e com a sociedade. Que Nossa Senhora vos acompanhe e proteja”, desejou.