A força do reino de Cristo é o Amor. Este é o fio condutor da reflexão tecida pelo Papa, neste domingo, festa litúrgica de Cristo Rei. Foi ao meio dia, antes da oração mariana do Angelus, da janela do Palácio Apostólico sobre a Praça de São Pedro, onde o sol acabou por triunfar sobre o frio e o vento da manhã e que não impediram, todavia, a numerosos fiéis e peregrinos de várias partes do mundo de acorrer à Praça para ouvir o Papa…
Partindo do capítulo 18, versículo 36, do Evangelho de São João que contempla Jesus enquanto se apresenta a Pilatos como rei de um reino que não é deste mundo, o Papa Francisco explicou o que isto quer dizer:
“Isto não significa que Cristo seja um rei de um outros mundo, mas que é rei num outro modo. No entanto é rei neste mundo!”.
São duas lógicas contrapostas – frisou o Papa: uma mundana que se apoia na ambição, na competição, no combate com as armas do medo, da vingança e da manipulação das consciências; e outra, a de Jesus, que se exprime, pelo contrário, na humildade, na gratuidade, se afirma silenciosa, mas eficazmente com a força da verdade.
“Os reinos deste mundo apoiam-se, por vezes, na prepotência, rivalidade, opressão; o reino de Cristo é um reino de justiça, de amor e de paz”.
O Papa recordou depois que o reino de Cristo se revelou na Cruz e quem olha para a Cruz de Cristo não pode não ver a surpreendente gratuidade do amor. E imaginando que alguém possa dizer que isto foi uma falência o Papa sugeriu a resposta:
“É precisamente na falência do pecado – o pecado é uma falência – na falência das ambições humanas, é ali que triunfa a Cruz, é ali que está a gratuidade do amor. Na falência da Cruz vê-se o amor, esse amor gratuito que Jesus nos dá”
Falar de potencia e força para o cristão significa referir-se à potencia da Cruz e à força do amor de Cristo. Amor que permanece firme e íntegro não obstante as adversidades – disse o Papa acrescentando que nem todos compreenderam isso. Muitos dos que passavam em frente do Calvário zombavam de Jesus, desafiando-o a descer da Cruz e a salvar-se a si próprio.
Mas Jesus não pretendia salvar-se a si próprio, precisamente porque deu a sua vida por nós, por cada um de nós.
“Dizer, “Jesus deu a vida pelo mundo, é verdade, mas é mais bonito dizer: “Jesus deu a vida por mim”. E hoje na Praça, cada um de nós, diga no seu coração: “deu a sua vida por mim”, para poder salvar cada um de nós dos nossos pecados”…
O único que compreende a lógica de Jesus na Cruz é o “bom ladrão”, crucifixo ao lado d’Ele e que compreendendo a ternura, o amor de Cristo, lhe diz “Jesus recorda-te de mim quando entrares no teu reino” – sublinhou o Papa acrescentando:
“A força do reino de Cristo é o amor: por isso a realeza de Jesus não nos oprime, mas nos liberta das nossas fraquezas e misérias, encorajando-nos a a percorrer a via do bem, da reconciliação e do perdão”
E o Papa convidou os presentes a repetirem a frase do bom ladrão:
“Todos juntos: Jesus recorda-te de mim quando entrares no teu reino”. Pedir a Jesus, quando nos sentimos fracos, derrotados, para olhar para nós e dizer: “Tu estás aí. Não te esqueças de mim!”.
Francisco concluiu a sua alocução com estas palavras:
“Perante as numerosas lacerações no mundo e as demasiadas feridas na carne dos seres humanos, peçamos à Virgem Maria para nos apoiar no nosso intento de imitar Jesus , nosso rei, tornando presente o seu reino com gestos de ternura, de compreensão e de misericórdia.”