Papa homenageou mártires do Uganda, símbolos do «ecumenismo de sangue»

Papa homenageou mártires do Uganda, símbolos do «ecumenismo de sangue»

O Papa Francisco visitou este Sábado, os santuários dedicados aos mártires anglicanos e católicos do Uganda, nos arredores da capital do país, e homenageou os 45 cristãos assassinados no fim do século XIX, símbolo do “ecumenismo de sangue”.

Francisco começou por visitar o espaço dedicado aos 23 anglicanos torturados e assassinados por causa da sua fé, em Namugongo, onde rezou de joelhos, em silêncio, e descerrou uma tarja comemorativa antes de abraçar o arcebispo anglicano.

Um conjunto de estátuas, em tamanho real, mostra a forma como estas pessoas foram assassinadas, uma explicação que o Papa ouviu visivelmente impressionado.

O percurso de 3 quilómetros até ao santuário católico, em papamóvel, foi seguido por milhares de pessoas e mais de 50 mil fiéis esperavam Francisco no local onde São Carlos Lwanga e outros 21 jovens foram queimados vivos, a 3 de junho de 1886, durante a perseguição anticristã lançada por Buganda Mwanga, recusando ser escravos sexuais do rei.

“O testemunho dos mártires mostra a todos os que ouviram a sua história que os prazeres mundanos e o poder terreno não dão alegria e paz duradoura”, disse o Papa, na homilia da primeira Missa a que presidiu no Uganda.

Francisco valorizou o testemunho de “fidelidade a Deus, honestidade e integridade de vida” dos mártires cristãos, “cuja morte por Cristo dá testemunho do ecumenismo de sangue”.

Milhares de ugandeses caminharam durante a noite, pelo meio da lama, para chegar até ao santuário católico, onde ouviram o Papa apelar à construção de uma “sociedade mais justa, que promova a dignidade humana, sem excluir ninguém, que defenda a vida” e também as “maravilhas da natureza”.

A igreja em que o Papa presidiu à Missa recorda as cabanas tradicionais da etnia Baganda e está construída sobre 22 colunas, uma por cada santo dos mártires do Uganda, canonizados por Paulo VI em 1964.

O mesmo Paulo VI escolheu o Uganda como o primeiro país africano a ser visitado por um Papa, em 1969; João Paulo II visitou o país em 1993.

Francisco sublinhou que o exemplo dos mártires “continua a inspirar muitas pessoas no mundo”, pedindo que a abertura e a atenção aos outros se faça sentir, em particular, junto dos “idosos e pobres, as viúvas e os órfãos”.

A primeira viagem do atual Papa a África começou esta quarta-feira no Quénia e vai prolongar-se até segunda-feira, concluindo-se na República Centro-Africana.