O Papa Francisco decidiu modificar a rubrica do Missal Romano relativa ao lava-pés de Quinta-feira Santa, estabelecendo que a participação no rito não seja limitada só aos homens e rapazes, anunciou hoje a Santa Sé.
Este é um gesto que marca a celebração vespertina da Missa na Ceia do Senhor, que o actual Papa tem celebrado fora do Vaticano: em 2013, numa prisão juvenil, na qual lavou os pés a 12 jovens de várias nacionalidades e religiões, incluindo duas raparigas; em 2014 num centro de reabilitação para pessoas com deficiência e idosos; em 2015 na igreja do complexo prisional de Redibia, em Roma, onde lavou os pés a 6 homens e 6 mulheres e também a uma criança que estava no colo da sua mãe detida.
A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé) publicou hoje o decreto com que anuncia a mudança decidida pelo Papa, que altera a prática estabelecida em 1955, aquando da reforma da Semana Santa.
Nessa altura, o decreto ‘Maxima Redemptionis nostrae mysteria’ conferiu a faculdade de realizar o lava-pés “a doze homens” durante a Missa na Ceia do Senhor, “a manifestar representativamente a humildade e o amor de Cristo pelos seus discípulos”.
O Missa Romano passa a deixar de fazer referência aos “homens escolhidos”, passando a falar nos “escolhidos entre o povo de Deus”, de maneira que os responsáveis pelas comunidades católicas “possam escolher um grupo de fiéis que representem a variedade e a unidade de cada porção do povo de Deus”.
“Tal grupo pode ser composto por homens e mulheres e, convenientemente, jovens e idosos, sãos e doentes, clérigos, consagrados, leigos”, precisa a alteração promovida pelo Papa Francisco.
A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos introduz esta inovação nos livros litúrgicos do Rito Romano, “recordando aos pastores a sua tarefa de instruir devidamente tanto os fiéis escolhidos como os demais, a fim de que participem no rito consciente, activa e frutuosamente”.