O Papa encontrou-se esta Quarta-feira no Vaticano com milhares de pessoas para a audiência pública semanal, que dedicou ao tema da misericórdia divina que não exclui “nenhum pecador”.
“Diante de Jesus nenhum pecador é excluído - nenhum pecador é excluído -, porque o poder reparador de Deus não conhece doença que não possa ser curada”, declarou, na catequese que proferiu na Praça de São Pedro.
Francisco apresentou uma reflexão a partir do relato evangélico da vocação de Mateus, um dos discípulos de Jesus, recordando que a Igreja não é uma “comunidade de seres perfeitos”, mas de pessoas que se reconhecem “pecadoras”.
Mateus era um cobrador de impostos, ao serviço dos romanos, pelo que era considerado um pecador público em Israel.
Ao chamá-lo, sublinhou o Papa, Jesus “mostra aos pecadores que não olha para o seu passado, condição social ou convenções externas”.
Cristo, prosseguiu, não quer uma “religiosidade de fachada”, como a dos fariseus, a quem lembra que Deus quer “a misericórdia” e não “sacrifício”.
“Sem um coração arrependido, qualquer acção religiosa é ineficaz”, advertiu.
De improviso, Francisco quis sublinhar esta ideia aos visitantes e peregrinos reunidos no Vaticano: “É como se nos oferecessem uma prenda e em vez de irmos procurar o presente, ficássemos a olhar para o embrulho”.
“Só as aparências, a forma, não o centro da graça, do presente que é dado”, observou.
O Papa repetiu depois uma frase que o tem acompanhado na sua vida, para ilustrar a sua meditação: “Não há santo sem passado nem pecador sem futuro”.
“A vida cristã é uma escola de humildade que nos abre à graça”, insistiu.
Após a catequese, Francisco deixou a sua saudação aos grupos de peregrinos, incluindo os lusófonos.
“Queridos amigos, abandonemos a presunção de nos julgarmos mais justos e melhores do que os outros; ao contrário, reconheçamos que somos todos discípulos e pecadores necessitados de ser tocados pela misericórdia de Deus. Sobre vós e sobre vossas comunidades, desça a bênção do Senhor”, disse.
Na recta final do encontro, que contou com a participação de uma delegação da União das Misericórdias Portuguesas, Francisco lembrou a celebração, no próximo domingo, do Dia Mundial de Oração pelas Vocações.