O Papa Francisco alertou este Domingo no Vaticano para a solidão e o “analfabetismo espiritual” na sociedade contemporânea, durante a Missa de Pentecostes a que presidiu na Basílica de São Pedro.
Perante centenas de pessoas, incluindo vários dos seus mais diretos colaboradores, o Papa elencou uma série de “sinais” da “condição de órfãos” de muitos homens e mulheres, como a “a solidão interior”, mesmo no meio de uma multidão, e que se pode tornar “tristeza existencial”.
Francisco aludiu ainda a um “analfabetismo espiritual generalizado”, que torna as pessoas “incapazes” de rezar, e criticou uma “suposta autonomia de Deus” que aparece, no entanto, “acompanhada por uma certa nostalgia da sua proximidade”.
A homilia observou ainda a “dificuldade” que existe em acreditar na vida eterna e de “reconhecer o outro como irmão”.
“A missão de Jesus, que culmina no dom do Espírito Santo, tinha este objetivo essencial: reatar a nossa relação com o Pai, arruinada pelo pecado; tirar-nos da condição de órfãos e restituir-nos à condição de filhos”, precisou o Papa.
Francisco falou desta “condição de filhos” como o ADN de cada ser humano, que a festa de Pentecostes vem sublinhar, porque o Espírito provoca “uma nova dinâmica de fraternidade”.
“Através do Irmão universal que é Jesus podemos relacionar-nos de maneira nova com os outros: já não como órfãos, mas como filhos do mesmo Pai bom e misericordioso. E isto muda tudo”, sustentou o Papa.
O pontífice argentino recordou depois a “presença maternal” de Maria no Cenáculo, onde os discípulos estavam reunidos após a morte de Jesus.
“É a Mãe da Igreja. À sua intercessão, confiamos de maneira especial todos os cristãos, as famílias e as comunidades que, neste momento, têm mais necessidade da força do Espírito Paráclito, Defensor e Consolador, Espírito de verdade, liberdade e paz”, disse.
Após a homilia, em arménio, rezou-se pelos cristãos que vivem situações de “perseguição”.
Já desde a janela do apartamento pontifício, o Papa presidiu à recitação da oração do ‘Regina Caeli’, no último dia do tempo pascal em 2016.
Francisco disse aos presentes na Praça de São Pedro que o Espírito Santo promove uma adesão “em sentido existencial” à fé, que se demonstra “não com as palavras, mas com os factos”.
“Ser cristão não significa principalmente pertencer a uma certa cultura ou aderir a uma certa doutrina, mas antes ligar a própria vida, em cada aspeto, à pessoa de Jesus”, explicou.
O Papa anunciou depois que publicou este domingo a sua mensagem para o próximo Dia Mundial das Missões, que se vai celebrar em outubro.
“Que o Espírito Santo dê força a todos os missionários e sustente a missão da Igreja em todo o mundo. Que o Espírito Santo nos dê jovens fortes, que tenham o desejo de partir e anunciar o Evangelho”, concluiu.