“Não há pecado em que tenhamos caído do qual, com a graça de Deus, não nos possamos levantar, não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável, porque Deus nunca deixa de querer o nosso bem, mesmo quando pecamos”, explicou, perante milhares de pessoas reunidas para a recitação do ângelus, na Praça de São Pedro.
Falando, como habitualmente, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa realçou que as parábolas de Jesus recolhidas pelos Evangelhos apresentam Deus “de braços abertos” para acolher quem pecou, “com ternura e compaixão”.
“A figura do pai revela o coração de Deus”, um Deus “misericordioso” manifestado em Jesus, acrescentou.
A intervenção partiu das parábolas do capítulo 15 do Evangelho segundo São Lucas, o “capítulo da misericórdia”, que apresenta as histórias da ovelha perdida, da mulher que perdeu e reencontrou uma moeda e a do filho pródigo.
Francisco precisou que nas três histórias há um elemento comum, “fazer festa”, e nenhuma referência ao “luto”.
“Esta festa de Deus pelos que voltaram a Ele, arrependidos, é ainda mais entoada no Ano jubilar que estamos a viver, como diz o próprio termo ‘jubileu’, isto é, júbilo”, observou.
O pontífice assinalou depois que a parábola que “mais comove” todos é a do pai que “abraça o filho reencontrada”, conhecida como a do ‘filho pródigo’, que regressou a casa após ter esbanjado a sua herança.
“O caminho de regresso a casa é o caminho da esperança e da vida nova. Deus espera que nós coloquemos a caminho, espera-nos com paciência, vê-nos quando ainda estamos longe, corre ao nosso encontro, abraça-nos, beija-nos, perdoa-nos. É assim Deus, é assim o nosso Pai”, declarou, com os peregrinos e visitantes a irromper numa salva de palmas.
Francisco disse mesmo que a “fraqueza” de Deus é ser um Deus que “perde a memória” e se “esquece do passado”, quando perdoa, alegrando-se com a conversão de quem pecou.
“Faço-vos uma pergunta: algumas vez pensaram que cada vez que vamos ao confessionários, há alegria e festa no Céu? Pensaram nisto? É bonito”, acrescentou.
Após a oração, o Papa recordou a beatificação de Ladislao Bukowinski (1904-1974), sacerdote e pároco “perseguido por causa da sua fé”.
A cerimónia de beatificação decorreu no Cazaquistão, onde o novo beato “mostrou sempre o seu grande amor pelos mais fracos e necessitados”, referiu Francisco.