Não sejamos profetas da desgraça aconselhou o papa Francisco aos catequistas de todo o mundo

Não sejamos profetas da desgraça aconselhou o papa Francisco aos catequistas de todo o mundo

O Papa realizou este Domingo, 25 de Setembro, o Jubileu dos Catequistas neste Ano da Santo da Misericórdia. Na sua homilia o Santo Padre começou por lançar a sua atenção para a segunda leitura deste domingo retirada da Epístola de S. Paulo a Timóteo onde S. Paulo “não recomenda uma multidão de pontos e aspectos, mas sublinha o centro da fé. Este centro à volta do qual tudo gira, este coração pulsante que a tudo dá vida é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou” – disse Francisco que sublinhou o novo mandamento no qual nos faz pensar Paulo: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei». E é só “amando que se anuncia Deus-Amor”.

Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio.”

Neste momento da sua homilia o Papa Francisco referiu a parábola que o Evangelho de S. Lucas nos conta neste domingo, na qual um homem rico não repara em Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão». “Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau” – disse o Santo Padre – “e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar deste estar «coberto de chagas» : este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupa fina. Não vê mais além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece lá fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma. A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu” – observou o Papa.

Aparência e indiferença, são razões para a “grave cegueira” de quem “olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os predilectos do Senhor” – declarou Francisco.

Mas Deus não esquece Lázaro e acolhe-o “no banquete do seu Reino, juntamente com Abraão, numa rica comunhão de afectos”-disse o Papa que, falando para os catequistas, sublinhou que “como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos”. “Não sejamos profetas da desgraça” – afirmou:

“Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O cepticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus.”

Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades” – declarou Francisco, que no final da sua homilia sublinhou que “face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã». O tempo gasto a socorrer é tempo dado a Jesus, é amor que permanece”.