O Papa Francisco nesta Quarta-feira fez a sua catequese, sobre a esperança partindo da parábola do filho pródigo (cap. 15 de S. Lucas), reiterando que uma boa parte da angústia do homem de hoje vem da convicção de que, se não formos fortes, atraentes e bonitos, então ninguém vai cuidar de nós:
“Muitas pessoas hoje procuram uma visibilidade só para preencher um vazio interior: como se fôssemos pessoas que eternamente precisam de confirmação. Mas, podeis imaginar um mundo onde todos mendigam motivos para despertar a atenção dos outros, e ninguém está disposto de amar gratuitamente a uma outra pessoa? Parece um mundo humano, mas na realidade é um inferno”.
Muitos narcisismos do homem nascem de um sentimento de solidão, de orfandade – prosseguiu o Papa – e por trás de muitos comportamentos aparentemente inexplicáveis encontra-se uma pergunta: possível que eu não mereço ser chamados pelo nome? Por isso por detrás de muitas formas de ódio social e vandalismo muitas vezes está um coração que não foi reconhecido, disse ainda Francisco, sublinhando que não existem crianças más, nem adolescentes completamente maus, mas existem pessoas infelizes, privadas daquela experiência do amor dado e recebido.
E Deus tem para connosco um amor antecipado e incondicional, ressaltou o Papa, Ele não nos ama porque existe em nós algum motivo que desperta amor, mas porque Ele mesmo é amor, e o amor tende por sua natureza a difundir-se, a dar-se. Deus não condiciona nem mesmo a sua benevolência à nossa conversão:
"Deus mostra o seu amor para connosco pelo facto que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós". Quando éramos ainda pecadores. Estávamos "longe", como o filho pródigo da parábola: "Quando ele ainda estava longe, o seu pai o viu e teve compaixão.". Por amor de nós Deus fez um êxodo de si mesmo, para nos visitar nesta terra onde era insensato transitar. Deus nos amou mesmo quando estávamos no erro”.
Só um pai e uma mãe podem amar desta maneira, observou o Papa, porque uma mãe continua a amar o seu filho, mesmo quando este filho está na prisão, uma mãe não pede o cancelamento da justiça humana, porque cada erro requer uma redenção, mas uma mãe nunca pára de sofrer pelo próprio filho, ela o ama, mesmo quando é pecador:
“Deus faz o mesmo connosco: somos os Seus filhos amados! Não existe nenhuma maldição na nossa vida, mas apenas uma palavra benévola de Deus, que tirou a nossa existência do nada … Nele, em Cristo Jesus, nós fomos amados, desejados. Existe Alguém que imprimiu em nós uma beleza primordial, que nenhum pecado, nenhuma escolha errada poderá apagar completamente”.
Por isso para mudar o coração de uma pessoa infeliz, é preciso antes de tudo abraçá-la, concluiu Francisco, fazê-la sentir que é desejada, que é importante, e ela deixará de ser triste, pois o amor chama o amor, de maneira mais forte do que o ódio que chama a morte. Jesus não morreu e ressuscitou para si, mas para nós, para os nossos pecados sejam perdoados, ou seja, para a nossa libertação. E daqui brota o dom da esperança, a esperança de Deus Pai que nos ama a todos, bons e maus – rematou Francisco.
O Papa Francisco, como habitualmente, também se dirigiu aos fiéis de língua portuguesa tendo saudado em particular aos provenientes do Brasil, convidando a todos a permanecer fiéis ao amor de Deus que encontramos em Cristo Jesus:
"Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa, especialmente a quantos vieram do Brasil, convidando todos a permanecer fiéis ao amor de Deus que encontramos em Cristo Jesus. Ele desafia-nos a sair do nosso mundo limitado e estreito para o Reino de Deus e a verdadeira liberdade. O Espírito Santo vos ilumine para poderdes levar a Bênção de Deus a todos os homens. A Virgem Mãe vele sobre o vosso caminho e vos proteja".
Nas saudações ao grupo de língua italiana o Papa dirigiu-se aos novos sacerdotes da diocese de Brescia exortando-os a serem pastores segundo o coração de Deus, bem como à Associação "Caridade sem fronteiras" da Diocese de San Marino-Montefeltro, por ocasião dos 20 anos de actividade.
Francisco saudou igualmente a união italiana dos cegos de Rossano Calabro. E um pensamento especial o Papa dirigiu aos familiares dos militares mortos em missões de paz, mostrando-lhes proximidade com afecto, conforto e encorajamento.
Por último, uma cordial saudação aos jovens, os doentes e os recém-casados. E recordando S. António de Pádua (pregador e padroeiro dos pobres e sofredores) cuja memória litúrgica se celebrou ontem, Francisco convidou os jovens a imitarem a linearidade da sua vida cristã; aos doentes a nunca se cansarem de pedir a Deus Pai por sua intercessão o que eles precisam e aos recém-casados, sob o seu exemplo, a buscarem com ardor o conhecimento da palavra de Deus.