O Papa presidiu neste Domingo, à recitação do ângelus no Hospital Agostino Gemelli, de Roma, onde se encontra há uma semana, após uma intervenção cirúrgica, agradecendo a acompanha na recuperação e sublinhando a importância dos sistemas de saúde.
“Nestes dias de internamento, experimentei a importância de um bom serviço de saúde, acessível a todos, como é o caso da Itália e de outros países. Um serviço de saúde gratuito, que garanta um bom serviço, acessível a todos. Este precioso bem não deve ser perdido”, referiu Francisco, desde o 10.º andar da instituição, na qual foi operado a um problema no cólon, no último domingo.
O Papa falou de pé, na varanda, surgindo sorridente perante a multidão que o esperava, e foi recebido com uma salva de palmas e gritos de ‘Viva o Papa’.
“Agradeço a todos: tenho sentido muito a vossa proximidade e o apoio das vossas orações. Obrigado, de coração”, disse.
Perante centenas de pessoas reunidas diante do edifício – e falando para milhões de espectadores, através da transmissão online -, o Papa manifestou o seu “apreço e incentivo aos médicos e a todos os profissionais de saúde e funcionários” deste e outros hospitais, que “trabalham tanto”.
“Rezemos por todos os doentes, especialmente pelos que se encontram em condições mais difíceis: que ninguém fique só e todos possam receber a unção da escuta, da proximidade e do cuidado. Peçamo-lo por intercessão de Maria, nossa Mãe, Saúde dos enfermos”, acrescentou.
Francisco esteve acompanhado por crianças internados no Gemelli, como ele.
“Por que sofrem as crianças? É uma pergunta que toca o coração. Acompanhemo-los com a oração”, apelou.
O Papa começou por manifestar-se “feliz” pela possibilidade de poder manter o compromisso da recitação dominical do ângelus, ao meio-dia de Roma.
Na sua reflexão sobre a passagem do Evangelho do dia, que é lida nas Missas de todo o mundo, Francisco sublinhou que os discípulos de Jesus “ungiram muitos enfermos com óleo e curaram-nos” (Mc 6,13).
“Este ‘óleo’ é certamente o sacramento da Unção dos enfermos, que conforta o espírito e o corpo. Mas este ‘óleo’ é também a escuta, a proximidade, a preocupação, a ternura de quem cuida do doente: é como uma carícia que te faz sentir melhor, alivia a dor”, observou.
A intervenção destacou que a proximidade aos doentes é um dos critérios do “julgamento final”, apresentados por Jesus Cristo.
Todos nós, todos, mais cedo ou mais tarde, precisamos dessa ‘unção’ da proximidade e da ternura, e todos podemos dá-la a outra pessoa, com uma visita, um telefonema, uma mão estendida para quem precisa de ajuda”.
Depois de uma semana sem aparições públicas, Francisco foi à janela do seu quarto pedir o “contributo de todos” e um compromisso comum para manter o “bem precioso” dos serviços públicos de saúde.
O Papa desafiou a Igreja Católica a manter as suas instituições de saúde, resistindo à tentação de “vender” quando surgem dificuldades económicas, para “salvar as instituições gratuitas”.
“A vocação na Igreja é fazer serviço e o serviço é gratuito”, insistiu.
O 10.º andar do Hospital Universitário Agostino Gemelli, que acolhe Francisco, recebeu em várias ocasiões São João Paulo II, a última das quais em 2005, pouco antes da sua morte.
O Papa polaco recuperou nesta instituição após o atentado contra a sua vida, a 13 de Maio de 1981, e esteve internado noutras ocasiões, tendo recitado, por várias vezes, a oração do ângelus e ‘Regina Caeli’ desde a instituição de saúde.
OC